Livro A Era do radioteatro

A Era do Radioteatro 

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     Vem aí o livro que conta a história do radioteatro! Sem dúvida, uma grande notícia, não somente para aqueles que curtiram as novelas e os programas humorísticos, como também para quem quer conhecer uma época pujante do nosso rádio, que arrebatava emoções e que fazia o Brasil vibrar.

     E o lançamento será em grande estilo: no ambiente da Rádio Nacional, palco dos grandes programas de radioteatro da emissora que liderou a audiência por décadas com a presença de veteranos produtores, radioatores, músicos, locutores, sonoplastas e contrarregras .

     A Era do Radioteatro (Gramma Editora,340 págs) é um registro da história de um gênero que, realmente, emocionou o Brasil. Contendo relatos de artistas, histórias saborosas e fotos de época, é produto de uma pesquisa feita, durante dez anos, por Roberto Salvador, um professor universitário que começou a carreira em rádio, aos 13 anos de idade, em programas da Rádio Nacional, e que chamou para si a responsabilidade de contar essa história.

     Relatando a saga do radioteatro no Rio de Janeiro, desde suas primeiras experiências nos anos trinta até seu declínio nos anos oitenta, conta também as adaptações pelas quais passou o gênero, a partir dos anos 90 até nossos dias. É uma publicação que se caracteriza pelo ineditismo, uma vez que não existe nenhum outro trabalho que se dedique, exclusivamente, à caminhada desse gênero.

     A obra não se limita à grandiosa participação da Rádio Nacional. Revela também o trabalho desenvolvido por outras emissoras, como as rádios Clube do Brasil, Tupi, Tamoio, Ministério da Educação, Mayrink Veiga, Roquette-Pinto e Globo. Fala dos radioatores, das técnicas de produção, dos principais programas e do papel político e social de um gênero que exerceu enorme influência nos brasileiros.

     O livro conta como o caminho percorrido pelo radioteatro foi longo. Na abertura, Marlene Blois escreve: “Se no início foi uma tentativa de trazer a base estrutural e a oralidade do teatro para o rádio, logo o gênero ganha personalidade e vida no novo meio, cria linguagem própria, seja na maneira dialógica da narração e na forma interpretativa da cena, seja na construção de seus elementos sonoplásticos e ruídos ambientais. Nas passagens de cenas e, integrada a elas, incorpora a música, construindo novos espaços imaginativos no ouvinte. A obra se consolida, agrada, dá a cada um a liberdade criativa de ser co-autor da história. Seus personagens e os ambientes por onde transitam mocinhas e vilões, heróis e coadjuvantes são criações únicas, e são tantas e diversas quantos sejam os ouvintes do radioteatro! Não há cenários a ver nem rostos a conhecer, só vozes e descrições ambientais. No mais, é com o poder imaginativo de cada um, sua identificação com alguns dos personagens, seus referenciais de vida, sua liberdade de voar. E aí está o mistério do RÁDIO, o charme do RÁDIO, a magia do RÁDIO!!!”Completa, Marlene.

     A radionovela foi o grande celeiro de fantásticos atores e atrizes, escritores, diretores, sonoplastas, alguns depois levados para a TV.Vocês sabiam que Fernanda Montenegro foi selecionada para o elenco de radioteatro Rádio Mec com 14 anos de idade? Quem teve o privilégio de conviver com o rádio desse tempo não esquece as interpretações de Ismênia dos Santos, Celso Guimarães, Ísis de Oliveira, Saint-Clair Lopes, Floriano Faissal,,Rodolfo Mayer entre outros; a criatividade de Edmo do Vale na sonoplastia; os textos dramáticos de Oduvaldo Vianna e Gastão P. Silva, na criação de 75 novelas cada um, Amaral Gurgel que produziu 30, Ghiaroni, 28, Ivani Ribeiro, 16, Janete Clair, 13, para citar apenas alguns desses criadores de ilusões; e a presença marcante de Vitor Costa na direção das inesquecíveis novelas da Nacional.

     Nessa época a Tupi competia com a Nacional e tinha em seu elenco, entre outros, Ioná Magalhães, Mildred dos Santos (ela é a mãe do narrador esportivo Galvão Bueno)Lourdes Mayer,Amélia Simone e Paulo Moreno. Todos sob a direção de Olavo de Barros.

     O livro esclarece algo que poucos conhecem:Embora Em Busca da Felicidade transmitida em 1943 pela Nacional, tenha tido enorme sucesso, a primeira novela do rádio foi Mulheres de Bronze, levada ao ar pela Tupi em 1937, tendo Paulo Porto, Norka Smith e Paulo Gracindo vivendo o triângulo amoroso. Todos sob a direção do pioneiro Olavo de Barros.

     No final dos anos 40 Rádio Globo possuía também um excelente elenco pontificando uma jovem radioatriz: Daisy Lúcide, que prefaceia o livro.

     A Era do Radioteatro revela ainda que, certamente, também se deve às radionovelas o sucesso comercial de vendas do que anunciavam nos seus intervalos, atraindo poderosos patrocinadores, o que garantia a permanência do cast de atores de peso nas emissoras, verdadeiras fábricas de ficção a serviço do entretenimento oferecido em diferentes horários na grade da programação.

     Porém, como nada é eterno,passaram-se os anos, as poderosas emissoras AM que cobriam o país já não contavam mais com a força dos grandes anunciantes com a concorrência da TV; as FM ganharam espaço na preferência dos ouvintes e parte do público feminino assumiu novas atribuições como provedor da nova família. Mas o gênero não morreu, embora sem o destaque de antes. Algumas emissoras o ressuscitaram com êxito e continua presença constante nas rádios educativas; porém, a era do radioteatro não se restringe apenas a aspectos históricos.

     O livro desvenda os bastidores, descreve como eram os estúdios de radioteatro e a tecnologia empregada na época. Histórias curiosas e engraçadas não faltam no livro. São as radiocacetadas: as gafes protagonizadas pelos atores num tempo em que tudo ia para ar ao vivo.

     Eram tiros de revolveres que falhavam; crise de tosse do galã na hora do beijo, cavalos em disparada que entravam acidentalmente no lugar de uma passagem musical e outras “falhas nossas”.Algumas testemunhadas pelo autor, outras relatadas por dezenas de depoimentos colhidos junto aos radioatores veteranos.

     Numa delas,o excelente Domício Costa, ao viver o papel de um enfermeiro, em cena dramática, deveria dizer a frase: “Doutor, a enfermaria está cheia!” Mas, na hora, o que saiu foi: “Doutor, a enfermeira está cheia!”. O difícil foi descobrir quem havia enchido a enfermeira − comenta o autor.

     Certa vez, o locutor, ao abrir a novela “A mulher dos meus sonhos”, da Tupi, campeã de audiência, atrapalhou-se e anunciou: “A Tupi coloca no ar a emocionante novela “A mulher comeu sonhos””.

     No 22º andar da Nacional havia um restaurante só frequentado por artistas e funcionários. O autor selecionou uma série de “causos” que lá se passaram, desde histórias engraçadas a decisões importantes nas programações. Foi, por exemplo, durante um almoço, que Paulo Gracindo, Max Nunes e Mario Brasini criaram o quadro “Primo Rico & Primo Pobre”, estrondoso sucesso no “Balança, mas não cai”, que mais tarde migraria para a televisão.No mesmo restaurante costumava aparecer um adolescente que implorava ao Paulo Gracindo que o escalasse  para cantar em seu programa.Sentava-se, então, anônimo num canto do restaurante e entoava umas canções diferentes. Era Roberto Carlos.

     A Era do Radioteatro começa narrando o espetacular incêndio nos estúdios da Rádio Tupi, em fevereiro de 1949, testemunhado pelo autor, que morava em frente quando tinha apenas 11 anos de idade. Foi uma tragédia acompanhada por toda a cidade. Roberto, após pesquisar os periódicos da época, resgatou informações que foram incluídas no livro e, depois de gravadas em DVD, foram doadas ao Setor de Documentação e Pesquisa dos Diários Associados, já que todo o arquivo da Tupi e da Tamoio, que faziam parte da rede associada, fora destruído pelo fogo. Assim, uma parte da memória da Tupi pôde ser resgatada graças a essa pesquisa.

     “Tudo o que eu tinha guardado se perdeu naquele incêndio: meus troféus e minhas fotos de remador campeão do Rio”, revela, em depoimento, o veterano ator Orlando Drummond (o Seu Peru).

     “Tive o privilégio de saborear intensamente um bom período da Era do Radioteatro, convivendo com artistas e técnicos de alto nível, nas principais emissoras do Rio”. Numa época em que todo o Brasil ouvia, vibrava, enfim, se emocionava com o radioteatro e as radionovelas, era eu ainda muito jovem para perceber suficientemente o alcance de tudo aquilo. Somente hoje, olhando para o passado, é que vislumbro a importância daqueles tempos, tanto para mim, particularmente, quanto para o público ouvinte. Por isso, escrevi este livro. “Além de um tributo àqueles deliciosos tempos, é também um dever de minha parte, como professor, preservar para os mais jovens um pouco desse passado” escreve Roberto na abertura de seu livro. E finaliza:

     “Aos contemporâneos que lerem A Era do Radioteatro espero, sem pretensões, provocar um pouco de emoção ou, quem sabe, um nó na garganta ou um apertinho no peito”.

     O autor estará autografando o livro no auditório da Nacional, Praça Mauá 7, 21º. Andar, a partir de 17 horas.Enquanto curte o coquetel, poderá apreciar fotos e posters de artistas do passado no hall do estúdio, ao som de trilhas de programas de radioteatro. 

     www.aeradoradioteatro.com.br 

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