“Papo de Polícia”, produzido pelo AfroReggae, estreia no Multishow

O policial civil Beto Chaves convive com a realidade das pessoas que vivenciaram de perto a ocupação do Complexo do Alemão, no RJ

 

Todas as vezes que o policial civil Beto Chaves esteve no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro ele estava armado, foi assim em 2007 e em novembro de 2010. Dessa vez a história é outra, aliás, as armas são outras. Beto Chaves, sem revelar a verdadeira identidade, se muda para a favela, logo após a operação que expulsou os bandidos do local. Lá, começa a gravar as conversas com moradores, comerciantes, militares e ex-traficantes. O material deu origem ao primeiro reality do AfroReggae, Papo de Polícia, que estreia no Multishow segunda, dia 7 de fevereiro, às 21h15. Serão sete episódios de 15 minutos de duração cada, exibidos de segunda a domingo no mesmo horário e em horários alternativos.

 

A ideia de reality foi desenvolvida por José Júnior, coordenador executivo do AfroReggae, apresentador do Conexões Urbanas TV e diretor executivo de Papo de Polícia, Rafael Dragaud, diretor do Papo de Polícia e do Conexões Urbanas, e Allan Turnowski, Chefe da Policia Civil do Estado do Rio de Janeiro. O Papo de Polícia contou com uma equipe de sete pessoas, entre eles Beto Chaves, inspetor da Polícia Civil e coordenador do projeto "Papo de Responsa" – parceria da Polícia Civil do Rio de Janeiro com o Grupo Cultural  AfroReggae

 

Beto voltou ao território invadido com uma missão: entender a lógica da favela e mostrar para o mundo a realidade sob a ótica dos moradores. "O objetivo real do Papo de Polícia é compartilhar experiências, sentimentos, medos e escolhas, resgatar o diálogo e reverter o quadro de descrença da população dominado por mitos e preconceitos, como os que afirmam que bandido não tem recuperação e que todo policial é corrupto"- destaca Beto. Para o policial, o grande desafio a partir de agora será manter foco na proposta do Papo de Polícia, "colocar luz nas pessoas e desvendar outros Complexos pelo Brasil e pelo mundo".

 

"Foram 7 dias  dormindo na favela que pareceram sete meses vivendo a mais intensa experiência da minha vida", revela Beto mesmo após ter participado de todas as grandes operações  da polícia civil no Estado do Rio de Janeiro nos últimos anos. Ele e os outros integrantes do grupo dormiram numa casa na Grota, futura pousada do AfroReggae. Gravaram, por exemplo, o relato de uma mãe segurando a identidade do filho de 17 anos, encontrado morto na mata por onde traficantes fugiram da Vila Cruzeiro. Ela disse ter visto "muitos corpos lá em cima virando comida de porco". Já o comerciante Raimundo contou ter sido ameaçado de morte por um policial, após ser apontado como traficante. Raimundo diz emocionado, que "talvez a única saída seja "largar tudo e ir embora". O que aconteceu com Raimundo será mostrado nos minutos finais do último programa, assim como a situação atual da região.

 

Papo de Polícia foi gravado sem roteiro, nem mesmo as perguntas foram planejadas. Rafael Dragaud  diz que as verdadeiras revelações do programa são: Beto, e Chechena, diretor de fotografia. "Chechena usa seu preparo físico circense pra dar uma estabilidade notável à câmera. Ser 'de circo' faz todo sentido num profissional como ele", conclui o diretor. Chechena é artista do AfroReggae desde 1997, trabalha ao lado de Dragaud nas gravações do Conexões Urbanas e assume a direção de fotografia pela primeira vez  no Papo de Polícia.

 

A verdadeira violência foi registrada pelo Papo de Polícia numa antiga fábrica que funcionava na região. Abandonado, o lugar foi sendo ocupado por dezenas de famílias que hoje vivem de maneira subumana num cenário indigno, no qual o Papo de Polícia mostra a grande batalha transformadora a ser enfrentada. A afirmação de pertencimento ao Complexo do Alemão e não ao Estado do Rio de Janeiro, é registrada lá. Mas há quem acredite que os investimentos de R$ 700 milhões em infra-estrutura, transporte, educação, saúde, políticas sociais e obras de contenção devolvam o espírito de cidadão carioca ao morador do Alemão. Papo de Polícia vai à estação teleférica de Bonsucesso conferir o que tem a dizer o gerente das obras do PAC.

 

Papo de Polícia mostra também uma geração de mulheres do Complexo do Alemão que não se entregou às dificuldades. Mães, chefes de família, que só "sairiam do Complexo para o cemitério". Elas trazem a reflexão sobre o trabalho honesto para dentro do Papo. Trabalhadoras que seguiram sozinhas na criação rigorosa de suas meninas. "Arruma um catador de papel, mas bandido não" – orienta uma das mães à filha.

 

A sexualidade entra no Papo de Polícia com um grupo de gays. Eles afirmam que no morro tem menos preconceito do que no asfalto. Ex-mulheres de traficantes falam das fortes atrações materiais e sobretudo simbólicas oferecidas pela rede de tráfico de drogas. Papo de Polícia apresenta também um pouco da cultura da favela: Eddu Grau canta a vida no Complexo do Alemão, sua música aproxima as pessoas do dia a dia na favela. Eddu é hoje uma das jovens lideranças no Complexo e consultor para novas políticas públicas na região.

 

Papo de Polícia acompanhou a mudança de sentido dos fogos de artifício durante a inauguração da árvore de Natal, antes usados pelo tráfico como aviso da entrada de policiais. No sexto dia, sábado, Beto é presenteado com uma "saída da casa" para ver o filho mais velho. Depois, entrou na Igreja da Penha e acompanhou uma das primeiras cerimônias de casamento após a pacificação. Lá, conversou com Gaúcho, ex-traficante do Complexo do Alemão. Gaúcho ficou preso por mais de 18 anos e hoje trabalha no projeto Empregabilidade do AfroReggae. "O crime da pobreza é momentâneo e o roubo de milionário não tem justificativa" – opina.

 

No último dia, a equipe de filmagem decidiu reunir todos os que ajudaram a construir o programa em um típico churrasco na laje. Durante os preparativos da confraternização, uma garrafa de vidro quebrou e Beto se feriu no tornozelo, precisando levar pontos. A equipe foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Complexo do Alemão, onde Beto foi atendido. O encerramento do programa se dá com uma entrevista entre José Junior e Beto.

 

 

 

PAPO DE POLÍCIA

Estreia: segunda-feira, 07 de fevereiro, às 21h15

Exibição: de segunda a domingo, às 21h15

Horário alternativo: de terça, dia 08, a segunda, dia 14, às 18h15


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