​Episódio inédito de Habitar Habitat mostra o cotidiano de diferentes comunidades no Brasil


 
Realizada e exibida pelo SescTV, a produção retrata a vivência libertária de uma comunidade hippie e mostra como proprietários rurais se associam por mais direitos


Prem Milan - Habitar Habitat: Comunidades - Foto: produção Habitar Habitat.
 
Comunidade deriva de communitas, palavra em latim associada àquilo que é comum, compartilhado. Os sentidos diversos do termo são explorados pelos diretores Paulo Markun e Sergio Roizenblit no episódio Comunidades, da série Habitar Habitat, que estreia no dia 13/2, terça-feira, às 22h, no SescTV. A produção visita dois cenários diferentes, mas relacionados: primeiro, a comunidade Osho Rachana Viamão, no Rio Grande do Sul, onde o convívio segue preceitos coletivos, espirituais e libertários, comumente atribuídos à cultura hippie; depois, no sertão baiano, a produção conhece duas comunidades de proprietários rurais que se associam para fortalecerem-se na reivindicação por direitos básicos. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo).
 
Na comunidade Osho Rachana Viamão (RS), os moradores guiam-se pelos ensinos do mestre indiano Osho (1931-1990). Por isso, prega-se respeito, amor e coletividade. Além disso, todos os que se alojam lá recebem um nome religioso. Adir Aliatti, que fundou a comunidade em 1991, é chamado de Prem Milan. Ele revela ter idealizado o conjunto como um centro de terapia, mas, como o interesse por morar no local aumentava, decidiu transformá-lo em um espaço de vivência. Hoje, convivem mais de 70 pessoas por lá. "Tudo isso que eu vivo aqui não estava nem perto de qualquer projeção minha. É inimaginável", diz Milan, retrospectivo.
 
A namorada de Milan, Jemima Fuentes (Satyam Jemima), também mora na Osho. Eles vivem em casas separadas e não têm vontade alguma de juntar-se, para preservar suas liberdades. "Morar junto é o assassinato do amor", ironiza Milan. Jemima conta que, na comunidade, não há restrição para relações sexuais, mesmo que os quartos sejam separados apenas por uma cortina fina. 
 
Uma vida coletiva difere radicalmente da lógica privada de uma vida capitalista. "Onde está isso de que é preciso dizer 'esta é minha casa?'", questiona Kátia Marco (Prem Amrita), 46, moradora da comunidade desde 2008. Na Osho, os moradores se reúnem para expressar raiva e ódio, gritar, xingar, sem repressão: uns na frente dos outros. E, assim, eles se conhecem. "Se eu não tivesse essas pessoas para eu refletir, para me confrontar, eu não seria quem eu sou. Eu cresço com eles", valoriza Milan, que não pretende sair do ambiente. Ele acha que viver em comunidade é a solução para a humanidade. Mas pondera que, ao topar o desafio, é preciso tomar alguns cuidados. "Tu não pode estar com a cabeça na cidade, nesse egoísmo todo. Você tem que abrir o coração", finaliza.
 
O segundo destino da equipe de produção da série Habitar Habitat é a comunidade Canaã Sobradinho, localizada no Vale do São Francisco (BA). Lá, na década de 1980, Heleno Bezerra, 72, formou uma associação de fundo de pasto cujo maior mérito é garantir uma área de oito hectares para cada um de seus membros. "Fundo de pasto é uma atividade coletiva e familiar, é compadrio. Eles utilizam a figura da associação como um suporte jurídico para dialogar com os órgãos e organismos oficiais", explica Cida Nunes, bióloga e filha de Heleno. O episódio ainda mostra como vivem os moradores da comunidade Melancia Casa Nova, também localizada no sertão baiano e que também faz uso do mecanismo de associação para reivindicar direitos.
 
Lançada pelo SescTV em novembro de 2017, a segunda temporada da série Habitar Habitat apresenta, em linguagem documental, diferentes modos de morar no país e suas relações com a cultura. Ela trata o conceito de moradia não apenas como espaço físico, mas também como núcleo de convivências, afetos e deslocamentos. Os treze episódios, de 52 minutos, retratam a vida em quilombos, assentamentos, ocupações, asilos, cortiços e internatos; e ainda registram o cotidiano de refugiados, ciganos, moradores de comunidades alternativas, motorhomes, faróis e veleiros.
 

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