​Inventivo, grupo 3 Brasis surpreende público com sonoridade popular e erudita


 
Trio de instrumentistas apresenta melodias inusitadas, que misturam a literatura de Guimarães Rosa com a música clássica de Villa-Lobos e a tradição cristã da Folia de Reis


Chico Lobo e Márcio Malard, do 3 Brasis. Foto: Piu Dip.

No dia 11/2, domingo, às 21h, o SescTV estreia dois programas com o grupo musical 3 Brasis, formado por instrumentistas que misturam ritmos populares e eruditos. No Passagem de Som, a produção acompanha a visita dos músicos ao Instituto de Estudos Brasileiros, da Universidade de São Paulo, que hospeda o acervo do escritor Guimarães Rosa, forte influência para o trio; depois, também em São Paulo, eles conhecem a Orquestra Paulistana de Viola Caipira, que dialoga com a musicalidade deles. Na sequência, o Instrumental Sesc Brasil apresenta o show do grupo realizado em julho de 2017, no Sesc Consolação. A direção geral é de Max Alvim. (Assista também emsesctv.org.br/aovivo).
 
3 Brasis é formado por Chico Lobo (viola), Márcio Malard (violoncelo) e Paulo Sérgio Santos (clarinete). A ideia do grupo sempre foi mesclar expressões artísticas. "São três pessoas de diferentes formações, instrumentos diferentes e culturas diferentes", explica Paulo Sérgio. Para esclarecer o significado do nome do grupo, Márcio ressalta a beleza presente em cada um dos instrumentos. "É o Brasil do violoncelo, que veio com o Império; é o Brasil do clarinete, das rodas de choro; e é o Brasil da viola caipira. Olha que maravilha! ", exalta o violoncelista. 
 
A atmosfera musical do grupo, ao mesmo tempo interiorana e refinada, é sentida com mais força no episódio da série Instrumental Sesc Brasil, que mostra, durante o show, a harmonia construída pela fusão dos três instrumentos. É quando o sopro grave do violoncelo de Márcio mistura-se com o assovio doce do clarinete de Paulo Sérgio e com os acordes alegres e caipiras da viola de Chico. O disco homônimo do trio arrisca-se ao criar uma composição popular e erudita, difícil de conceber e, por isso mesmo, louvável. "A mistura das duas coisas é muito perigosa. Tem que fazer com certos critérios, senão fica uma linguagem que ninguém conhece, fica uma confusão que ninguém entende nada", pondera Paulo Sérgio.
 
O 3 Brasis foi idealizado em 2013 por Chico. Ele conta que convidou Márcio e Paulo Sérgio, com os quais já havia trabalhado antes, e satisfez uma vontade antiga: compor um álbum apenas instrumental. No Passagem de Som, o violonista relata como foi o encontro dos três. "Foi uma empatia, a gente foi para o estúdio, ficou em imersão quase duas semanas, gravando juntos, tocando juntos, entre pães de queijos e queijinho mineiro que eu levava", conta Chico, entre risadas. O disco cruza culturas a princípio afastadas, como a tradição da Folia de Reis combinada com a música clássica do maestro Heitor Villa-Lobos e a prosa poética de Guimarães Rosa.
 
Em episódio da série Passagem de Som, o trio se emociona ao participar de uma roda de leitura e conhecer o acervo do escritor mineiro. Sobretudo Chico. "Eu sempre quis beber dessa fonte e isso molda minha musicalidade", explica. O músico ainda relembra, emocionado, sua relação com a tradição cristã, quando seu pai recebia a Folia de Reis em casa e ele, então com sete anos, era cativado pelo som vibrante das violas, afinadas pela cachaça despejada nas cordas. "Ali eu fui marcado para ser violeiro", diz.
 
Repertório: Vazante, Desafio do Calango, Serra das Araras, Agreste, Chapadão da Onça, Ibérica, Matuto, Toque de Feira, Luar do Sertão, Estradas, Chamamé, Reinado, Sapateio de Lundu, Travessia do Sussuarão (todas de autoria de Chico Lobo) e O Trenzinho do Caipira (Heitor Villa-Lobos).
 
Músicos: Chico Lobo (viola), Márcio Malard (violoncelo) e Paulo Sérgio Santos (clarinete)

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