Escritora Cíntia Moscovich dá protagonismo à literatura que aprecia o detalhe e a intimidade


 
Em episódio inédito da série Super Libris, do SescTV, a autora indica o afeto como entrada do aprofundamento literário. Dia 20/8, segunda-feira, às 21h
 

Cíntia Moscovich. Foto: Piu Dip.
 
A camada superficial de um livro expõe o ambiente, a época, as personagens e os conflitos da narrativa. Mas apenas os escritores que se detém nos objetos com paciência e destreza captam os detalhes ocultos da trama e descobrem as profundezas íntimas das personagens. É o caso da gaúcha Cíntia Moscovich, entrevistada no episódio A Grandeza das Coisas Pequenas, da série Super Libris. Dirigida pelo cineasta José Roberto Torero, a produção é exibida pelo SescTV no dia20/8segunda-feira, às 21h. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo).
 
Cíntia Moscovich nasceu em Porto Alegre (RS), em 1958. Além de ter escrito contos e romances, formou-se jornalista e mestre em Teoria Literária. Para ela, a estratégia usada por autores para transformar o cotidiano corriqueiro em algo interessante é imprimir uma atenção demorada nas coisas. "O grande lance é ir no objeto, limpá-lo e ver, no miolo da coisa, o que se revela. Para fazer literatura, você precisa ser muito íntima da coisa que está narrando", diz.
 
Ela admite que prefere arquitetar histórias com várias camadas narrativas, em que "tu dá um tanto e esconde outro tanto", afirma a autora gaúcha, para quem a padroeira desse tipo de narrativa no Brasil é Clarice Lispector (1920 – 1977). "Foi ela a precursora desse romance de inação, de ação interna, marcada por esse fluxo íntimo e esse alargamento de consciência do indivíduo sobre a terra. A Clarice tinha essa percepção das coisas que vão se putrefazendo e virando vida", explica.
 
Hoje aos 60 anos, com mais de 20 de carreira, Cíntia opina que fazer literatura intimista é um trabalho compensador, mas árduo, que exige muito envolvimento afetivo do escritor. "Para tu conseguir reproduzir uma voltagem afetiva, tu tem que chamar para ti toda essa bagagem de sentimentos. E convocar tudo isso é bem desgastante", comenta a autora, que exemplifica: "se tu tá descrevendo um ato sexual e não sentir tesão, tu não vai conseguir convencer seu leitor daquele sentimento".
 
Ainda de acordo com ela, o autor de prosa intimista tem a tendência de ser poético, porque começa a achar bonita a interioridade sobre a qual ele fala e, espontaneamente, às vezes sem perceber, vê surgir dele um fluxo de prosa poética. Cíntia, que se confessa uma poetiza frustrada, conta que comemora sempre que despontam de sua prosa esses sopros poéticos. "Essa coisa que eu nunca consegui fazendo poesia, eu acho que consegui na prosa", diz.
 
Além da entrevista principal, Cíntia Moscovich participa de outros quadros no episódio A Grandeza das Coisas Pequenas. Em Pé de Página, ela mostra o escritório onde trabalha, preferencialmente depois de um período de leitura intensa; também conta que prefere trabalhar durante as tardes e em pedaços das madrugadas e que decidiu escrever porque não conseguiu sucesso em outras profissões e fora leitora desde criança. No quadro Primeira Impressão, Cintia sugere a leitura do romance De Amor e Trevas, do israelense Amós Oz.
 
O quadro Orelhas apresenta a biografia da poeta, educadora e diplomata chilena Lucila Del María Alcayaga, conhecida pelo pseudônimo Gabriela Mistral. Em Prefácio, a editora Dolores Prades indica Aquela Água Toda, livro de contos do paulistano João Anzanello Carrascoza. No Quarta Capa, a booktuber Loren-Louise comenta o livro Aos 7 e Aos 40, do próprio Carrascoza. E, por fim, em Epígrafe, quadro novo da segunda temporada da sérieSuper Libris, a cineasta Suzana Amaral revela como foi adaptar o romance A Hora da Estrela, de Clarice Lispector, para o cinema.

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