Bella Campos estrela sua primeira capa de revista na edição de abril da Glamour Brasil
Na edição de março da revista, a jornalista e apresentadora em ascensão fala sobre representatividade e a importância de espaços para mulheres negras
Foi interpretando a personagem Muda no remake de Pantanal, da rede Globo, em 2022, que Bella Campos conquistou o público e os holofotes, conquistando o Prêmio Melhores do Ano por este papel. Em 2023, viu sua vida pessoal também ser exposta, consequência do sucesso de sua personagem Jenifer Daiane em Vai na Fé, também da rede Globo. Dona de muita personalidade, seja para viver suas personagens, seja para lidar com sua vida ou na hora de se vestir, ela não tem medo de se jogar e viver. "Sou uma garota de 26 anos, livre, que trabalha pra caramba. Busco a independência cada vez mais em todos os sentidos. Sou orgulhosa da minha trajetória. Gosto de ir à roda de samba, de beber cerveja. Não tenho intenção de esconder nada da minha vida. Sou leal à minha verdade. Independentemente das escolhas que fiz, elas foram sinceras. Vamos ser felizes, não tem muito segredo", comenta ela para a edição de abril da Glamour Brasil, onde protagoniza sua primeira capa de revista.
A entrevista na íntegra e as fotos do ensaio você confere no site da Glamour Brasil e no app Globo Mais.
Créditos foto: Bruna Castanheira
Glamour: Como foi sua incursão no meio artístico? Bella Campos: O gerente do café onde eu trabalhava me dizia que era uma ótima funcionária, mas queria me ver maior, em outros lugares. Ele me indicou para trabalhar como modelo, mas eu não me enxergava nesse meio. Por mais que meu corpo seja padrão, não sou alta, tenha 1,62m. Surpreendentemente, passei no teste. Como não era vista como modelo adulta, mesmo já tendo 18 anos, fiz catálogo teen por muito tempo. Fui pegando cada vez mais publicidades até me mudar para São Paulo. Morei em um apartamento da agência com outras jovens atrizes e modelos até conseguir pegar um para mim. Lembro que aceitava um job e fazia as contas de quantos meses o salário iria me manter na cidade. Deixei de lado o plano de estudar psicologia para entrar na Academia Internacional de Cinema (AIC).
Glamour: Malhação seria sua estreia nas telinhas, se não fosse a pandemia. Como foi esse período? Bella Campos: Quando estava no segundo semestre do curso, consegui fazer testes para Malhação. Nunca tinha tentado novela antes. Fui passando e fiquei "Caraca, vamos nessa". Só que veio o isolamento social por conta da Covid-19. Já estávamos na preparação de elenco, na qual eu seria uma das protagonistas, quando começou a pandemia. A novela foi cancelada e precisei voltar para Cuiabá. Mas eu tinha certeza de que voltaria. Soube que estavam fazendo testes para Pantanal. Na minha cabeça, fazia sentido eu, por ser do Centro-Oeste, entrar no elenco da novela. Consegui ainda sem saber a personagem. Gravei com meu celular, porque ainda estávamos em isolamento.
Glamour: Como é sua visão da diversidade no mercado audiovisual? Bella Campos: É uma resistência ocupar lugares que não seriam representados por mulheres como eu. Ainda estou na fase das primeiras ocupações. Vai na Fé foi a primeira novela em que a maioria do elenco era preta. Às vezes, olho em volta do ambiente em que estou e percebo que sou a única mulher negra no espaço. Ano passado, comprei minhas primeiras bolsas de luxo, porque antes não tinha coragem de entrar nas lojas, com medo de ser maltratada, mesmo podendo comprar há algum tempo. Em contrapartida, estava em uma loja provando roupas com a vendedora ao meu lado e uma senhora branca perguntou se eu trabalhava lá. Tenho noção de que não sou retinta, tenho a pele mais clara e o racismo se dá de forma diferente. Sei que o que eu passo não é um décimo do que as mulheres retintas sofrem. Mas, mesmo sendo uma figura pública, não estou isenta do racismo.
Glamour: Você estrelou o curta-metragem que pedia uma solução aos assassinatos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, exibido no dia 14 de março, seis anos após o crime. Como reagiu às notícias da prisão dos suspeitos de serem mandantes do assassinato da vereadora? Bella Campos: Marielle era uma mulher comprometida com a justiça social e a defesa dos mais vulneráveis. A força e a persistência dela vinham promovendo importantes transformações. As mortes de Marielle e Anderson foram uma tentativa covarde de calá-la, com machismo e racismo estruturais. Os avanços das investigações e todos os movimentos realizados pelo Instituto Marielle, assim como a luta de seus familiares e apoiadores para solucionar esse crime brutal, são a prova de que a voz de Marielle continua e continuará ecoando. Foi exatamente isso que tentamos trazer no curta A Voz da Justiça, para que esse caso não fosse esquecido. |
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