Hermeto Pascoal expressa sua música universal, intuitiva e lúdica em dois programas do SescTV
Episódio da série Passagem de Som apresenta ângulos pouco conhecidos da história do "Bruxo Alagoano". Na sequência, o Instrumental Sesc Brasil
exibe show inédito do músico
Foto: Piu Dip.
"Eu sou 100% intuitivo". Aos 81 anos, o compositor, arranjador e multi-instrumentista Hermeto Pascoal acumula mais de 35 discos da música que ele chama de "universal". No dia 17/12, domingo, às 21h, o SescTV apresenta o episódio da série Passagem de Som, que traça o perfil do músico por meio de depoimentos dele e de seus companheiros de banda. Na sequência, o Instrumental Sesc Brasil exibe o show que o grupo apresentou no Sesc Consolação, em abril de 2017. Com direção geral de Max Alvim, as produções, inéditas, também podem ser assistidas no site www.sesctv.org.br.
No Passagem de Som, Hermeto declara-se autodidata. Aprendeu a tocar acordeon sozinho, aos dez anos de idade. Mas sua veia musical avolumou, sobretudo, pelo convívio sensorial que estabeleceu, ainda na infância, com a natureza. Primeiro, escutando o canto dos pássaros e a queda da chuva, à sombra das árvores de Olho d'Água das Flores, interior de Alagoas, onde nasceu. E, depois, ouvindo o ronco dos carros na metrópole, para onde, mais tarde, sua carreira o levou. "O sentir da gente não para. Para mim, não existe barulho. Existe som", explica o músico, apelidado de Bruxo em razão de sua fisionomia extravagante, ressaltada pela pele albina e suas longas barbas brancas.
Guiado pelo lema rebelde de que, antes de aprender as notas, é preciso "sentir a música", Hermeto critica as escolas instrumentais. Ele diz a um jovem músico: "quanto mais nomes de notas você souber, menos você vai fazer as coisas". Ele leva essa concepção a sério. O pianista André Marques, que o acompanha nos shows, confirma o instinto que move o compositor. "Ele respeita muito a intuição dele. É o que ele está sentindo no momento, o que ele sente das pessoas. Não tem nenhuma metodologia", comenta.
Os shows de Hermeto são lembrados por nunca se repetirem e ele esclarece que isso se deve a um pedido seu. Embora componha as partituras, diz que não basta aos instrumentistas reproduzi-las. "Eles são criadores. É todo mundo livre com sua cabeça solta para criar com a partitura que está lendo", afirma. Hermeto conta que 80% do espetáculo obedece ao repertório, mas 20% se compõe de improvisação. Para ele, é necessário criar em todo show. "Ele até cobra essa liberdade", revela o baterista Ajurinã Zwarg.
Logo após o Passagem de Som, o Instrumental Sesc Brasil exibe o show que Hermeto e seu grupo apresentou no Sesc Consolação, em abril de 2017. São oito composições, todas de autoria do "Bruxo", que experimentam uma melodia lúdica e ousada, repleta de improviso e criatividade. O músico surpreende o público ao batucar na abertura oca de canos de alumínio e ao inventar variações rítmicas com a interação entre sua boca e o sopro de uma bomba de ar. De seu repertório rico, emite onomatopeias, tosse, ronca, murmura. "Os conservadores podem dizer: 'você é maluco'". Mas ele não liga. Convicto, acha tudo muito normal. O importante para ele, ressalta, é que, na criação artística, "o preconceito não pode (existir)".
Repertório: Entrando pelos canos; Ilza Nova; Viva São Paulo (Suíte Paulistana);
Para Ron Carter; Taynara (Jegue); Salve Pernambuco Percussão (Arranca toco); Improviso no Piano; e Mazinho Tocando no Coreto.
Músicos: Hermeto Pascoal (teclado, piano, chaleira, escaleta, flauta baixo), Jota P. (sax alto, sax soprano, sax tenor, flautas), André Marques (piano e flauta), Ajuriã Zwarg (bateria e sax soprano), Fábio Pascoal, seu filho, (percussão) e Itiberê Zwarg (baixo e tuba). Participação: Arismar do Espírito Santo (baixo e percussão).
No Passagem de Som, Hermeto declara-se autodidata. Aprendeu a tocar acordeon sozinho, aos dez anos de idade. Mas sua veia musical avolumou, sobretudo, pelo convívio sensorial que estabeleceu, ainda na infância, com a natureza. Primeiro, escutando o canto dos pássaros e a queda da chuva, à sombra das árvores de Olho d'Água das Flores, interior de Alagoas, onde nasceu. E, depois, ouvindo o ronco dos carros na metrópole, para onde, mais tarde, sua carreira o levou. "O sentir da gente não para. Para mim, não existe barulho. Existe som", explica o músico, apelidado de Bruxo em razão de sua fisionomia extravagante, ressaltada pela pele albina e suas longas barbas brancas.
Guiado pelo lema rebelde de que, antes de aprender as notas, é preciso "sentir a música", Hermeto critica as escolas instrumentais. Ele diz a um jovem músico: "quanto mais nomes de notas você souber, menos você vai fazer as coisas". Ele leva essa concepção a sério. O pianista André Marques, que o acompanha nos shows, confirma o instinto que move o compositor. "Ele respeita muito a intuição dele. É o que ele está sentindo no momento, o que ele sente das pessoas. Não tem nenhuma metodologia", comenta.
Os shows de Hermeto são lembrados por nunca se repetirem e ele esclarece que isso se deve a um pedido seu. Embora componha as partituras, diz que não basta aos instrumentistas reproduzi-las. "Eles são criadores. É todo mundo livre com sua cabeça solta para criar com a partitura que está lendo", afirma. Hermeto conta que 80% do espetáculo obedece ao repertório, mas 20% se compõe de improvisação. Para ele, é necessário criar em todo show. "Ele até cobra essa liberdade", revela o baterista Ajurinã Zwarg.
Logo após o Passagem de Som, o Instrumental Sesc Brasil exibe o show que Hermeto e seu grupo apresentou no Sesc Consolação, em abril de 2017. São oito composições, todas de autoria do "Bruxo", que experimentam uma melodia lúdica e ousada, repleta de improviso e criatividade. O músico surpreende o público ao batucar na abertura oca de canos de alumínio e ao inventar variações rítmicas com a interação entre sua boca e o sopro de uma bomba de ar. De seu repertório rico, emite onomatopeias, tosse, ronca, murmura. "Os conservadores podem dizer: 'você é maluco'". Mas ele não liga. Convicto, acha tudo muito normal. O importante para ele, ressalta, é que, na criação artística, "o preconceito não pode (existir)".
Repertório: Entrando pelos canos; Ilza Nova; Viva São Paulo (Suíte Paulistana);
Para Ron Carter; Taynara (Jegue); Salve Pernambuco Percussão (Arranca toco); Improviso no Piano; e Mazinho Tocando no Coreto.
Músicos: Hermeto Pascoal (teclado, piano, chaleira, escaleta, flauta baixo), Jota P. (sax alto, sax soprano, sax tenor, flautas), André Marques (piano e flauta), Ajuriã Zwarg (bateria e sax soprano), Fábio Pascoal, seu filho, (percussão) e Itiberê Zwarg (baixo e tuba). Participação: Arismar do Espírito Santo (baixo e percussão).
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