Documentário, inédito no SescTV, investiga disputa de terra que dura mais de 40 anos, no Mato Grosso

 
 A produção "Vale dos Esquecidos" conversa com índios, posseiros, grileiros, fazendeiros e sem-terra para contar a história da fazenda Suiá-Missú


Documentário - Vale dos Esquecidos. Foto: Tucura Filmes

A fazenda Suiá-Missú - localizada na região Nordeste do Mato Grosso, tem sido palco de conflitos por posses de terras entre índios, posseiros, grileiros, fazendeiros e sem-terra, desde a década de 1970. Com seus 1,5 milhão de hectares de extensão, naquela época, era considerada o maior latifúndio no mundo, mas muito antes já era habitada pelos índios xavantes Marawãsédé. A história do local é abordada no documentário Vale dos Esquecidos, dirigido por Maria Raduan, que o SescTV exibe pela primeira vez no dia 27/1, sábado, às 22h (assista também em sesctv.org.br/aovivo).

Para saber o que vem ocorrendo na fazenda há mais de 40 anos, a diretora conversa com cada um dos lados envolvidos. O cacique xavante Damião Paridzané conta que a primeira aldeia da propriedade foi fundada pelo seu pai e, com a fundação da Suiá-Missú (nos anos 1960), os índios foram retirados da fazenda e muitos deles, mortos pelos brancos, estão enterrados ali. Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito do município de São Felix do Araguaia – MT, e duas vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz (1992 e 2002), lembra o dia em que chegou ao local como missionário. "A gente percebeu logo essa falta de infraestrutura e de presença do Estado, por um lado, e por outro, que o problema era mesmo a terra", expõe.

O fazendeiro texano John Carter recorda a sua chegada na fazenda, em 1993, e fala que os índios são um problema sério porque ninguém os quer, mas acredita que eles também não sairão daquele lugar. Segundo Carter, apesar de Suiá-Missú abrigar grupos como sem-terra, índios e fazendeiros, os que mais prejudicam o meio ambiente são os posseiros. "Estão espalhados por todo o canto, sem equipamentos ou dinheiro. Eles queimam pequenos pedaços de florestas", explica. O foco pode queimar por dois ou três meses. O posseiro Neto Figueiredo acusa os índios. "Eu falo porque eu já vi eles colocando fogo na floresta".

Dario Carneiro, administrador da fazenda, rememora quando os índios, expulsos de suas terras, retornaram, em 2002, apoiados pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI. "Ficaram acampados na beira da estrada, na divisa da área deles, que foi demarcada, esperando a hora certa para entrar", revela. "Do outro lado ficaram os posseiros, de guarda, para não deixar os índios entrarem", completa. Os índios xavantes Marawãsédé comentam sobre o quão difícil foi permanecer nessa disputa, que durou cerca de 10 meses, e Edson Beirtz, administrador da FUNAI, explica como aconteceu o retorno dos índios ao seu local de origem.

O documentário destaca ainda o surgimento de duas cidades nas terras indígenas, a Alto da Boa Vista e Poço da Mata, e a compra da Suiá-Missú pela multinacional italiana de petróleo Agip, que depois vendeu parte das terras. Imagens do confronto são mostradas na produção.

Sobre o SescTV:

SescTV é um canal de difusão cultural do Sesc em São Paulo, distribuído gratuitamente, que tem como missão ampliar a ação do Sesc para todo o Brasil. Sua grade de programação é permeada por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com grandes nomes da música e da dança. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e ideias da cultura brasileira. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras artes também estão presentes na programação.

SERVIÇO:

Documentário
Vale dos Esquecidos 
Estreia: 27/01, sábado, às 22h 
Reapresentação: 31/1, quarta-feira, às 24h
Classificação Indicativa: 12 anos
Ano: 2010
Duração: 73'
Direção: Marian Raduan
Produtora: Tucura Filmes

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