GloboNews estreia o documentário ‘Dossiê 50: Comício a favor dos Náufragos’ no domingo, dia 03

 

Filme de Geneton Moraes Neto reúne entrevistas que o jornalista fez com os jogadores da seleção brasileira vice-campeã da Copa do Mundo de 1950

 

O próximo domingo, 03 de novembro, é dia de estreia na GloboNews. Em mais um documentário inédito produzido pelas equipes do canal de notícias, Geneton Moraes Neto apresenta entrevistas exclusivas que fez com os jogadores que perderam a final da Copa do Mundo de 1950 em partida entre o Brasil e o Uruguai, no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

 

"Não sou jornalista esportivo, mas todo brasileiro nasce ouvindo a história da derrota de 1950. Quem acompanha e até quem não acompanha futebol ouve falar do chamado "Maracazano", a mais inesperada e dramática derrotada da história da seleção brasileira. Tudo começou com uma entrevista que fiz com o goleiro Barbosa, quando dei a mim mesmo a missão de encontrar todos os jogadores que viveram aquele drama. Posso dizer que todos passaram o resto da vida marcados pelo estigma da derrota, o que é uma injustiça. Ninguém se lembra do fato de que eles, na verdade, conquistaram o primeiro título importante da história do futebol brasileiro: o vice-campeonato mundial. A partir dali, o Brasil começou a despontar como portência do futebol. É hora de anistiarmos os jogadores da seleção 1950! O documentário expõe os dramas que eles viveram e presta uma homenagem a eles", conta Geneton. No filme, que vai ao ar a partir das 20h30, o telespectador conhece a história de Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode, Friaça,  Zizinho, Ademir, Jair e Chico, os onze vice-campeões mundiais, que, apesar do título conquistado, acabaram se tornando anti-heróis depois da derrota por 2 a 1  para o Uruguai. Aquela foi a primeira derrota sofrida pelo Brasil no Maracanã. Em seus relatos emocionados, os atletas falam sobre o pesadelo que viveram dias após o jogo e confessam que o fantasma da derrota os perseguiu ao longo de suas vidas.

 

O documentário, que reúne entrevistas de Geneton feitas em vídeo e em áudio, conta ainda com a participação dos atores Paulo César Peréio, Milton Gonçalves, Cláudio Jaborandy e Chico Diaz, que fazem leituras de alguns dos melhores depoimentos dados pelos atletas. "Dossiê 50: Comício a favor do Náufragos" estreia no domingo, dia 03 de novembro, às 20h30, na GloboNews. O documentário será reprisado no sábado seguinte, dia 09 de novembro, às 18h30, no canal.

 

Depoimentos:

 

Augusto

"Tive vontade de chorar. A gente ficava olhando, sem saber: 'será verdade mesmo?'.  Chega uma hora em que você não acredita. Depois, levou muito tempo, muitos dias, meses, anos, em que eu ficava assim: 'Meu Deus, se eu fizesse aquilo assim, talvez a gente fizesse um gol e empatasse'. Durante anos, sinceramente, ficou na minha cabeça. Fica até hoje".

 

Danilo

"Era época de eleições após o campeonato. Vários políticos sempre ao lado querendo tirar retratos com a gente. Depois do jogo, devem ter rasgado e jogado fora. Fui chegar em casa e, quando saltei na praça, parecia que tinha chegado o presidente da República. Vaias. Vaias. Vaias. Eram para mim...".

 

Zizinho

"Fui a uma banca de jornal no dia do jogo. Tinha uma fotografia do Brasil com a faixa de campeão. Comprei o jornal e levei para os meus colegas de time. Digo: olhem aí, já somos campeões. Quer uma arma maior para dar ao adversário? Não podiam dar uma injeção maior, um doping maior para o time uruguaio do que esse. Cansei de assinar autógrafo com o Brasil campeão do mundo"

"Eu me punha à disposição dos garotos para falar sobre futebol. Tinha um lourinho de uns oito anos. Ele me olhava assim... Peguei ele e disse: 'Você quer fazer uma pergunta, não quer?'. E ele disse: 'Seu Zizinho, como foi que o senhor perdeu a Copa do Mundo?' Se um dia eu viver cem anos, vou ter que responder a essa pergunta".

 

Juvenal

"Eu morava em Laranjeiras. Me tranquei dentro de casa. Saí do vestiário, peguei um táxi. Não saí durante 15 dias. Não quis conversa com ninguém. Entrei, falei para a mulher: 'fecha a porta. Se alguém aí perguntar por mim, não estou'. Ouvia rádio. As notícias diziam assim: 'Ademir suicidou-se', 'apanharam Barbosa...'. Nesse domingo, não dormi. A tristeza é do coração. Você não defende o Brasil só como militar na guerra, mas nas disputas esportivas também".

 

Barbosa

"A única coisa que me magoa é o sujeito não respeitar meu título de vice-campeão do mundo. Só isso é que me magoa. Cheguei à Rússia, me perguntaram: 'Quais são os títulos?' Eu disse: 'sou vice-campeão do mundo'. Quiseram saber o que é que eu tinha na minha terra. Eu disse : 'Não tenho nada. Pelo contrário: me esculhambam'. E eles: 'Aqui na Rússia, você seria grão não sei o quê. Se a gente tivesse conquistado o que você conquistou, estaria no céu'. Eu disse: 'Pois, no meu país, eu não sou nada.Dizem que sou covarde porque perdi a Copa do Mundo! Já me chamaram até de traidor da pátria!' ".

 

Ademir

"O fotógrafo pediu uma fotografia com os onze jogadores que iam jogar para fazer uma propaganda. E nessa faixa eles colocaram, não sei como, porque há truque para tudo: 'os campeões mundiais'. Isso realmente nos deu uma tristeza. A gente ficou muito aborrecido. E mais aborrecidos ficaram os uruguaios, porque a gente estava comemorando antes...".

 

Chico

"Os jogadores saíram de campo chorando. Os outros não conseguiram dormir. Passei uma semana quase sem dormir. Tínhamos como certa essa Copa do Mundo. Depois dessa derrota, a gente passa a ver as coisas já de outra maneira, não com a facilidade com que a gente via".

 

Friaça

 "Sofri um trauma muito grande. Vim para o Vasco. Fiquei andando em volta do campo. Eu, Bauer, Rui e Noronha andando em volta do campo. Essa foi a passagem mais dura que já enfrentei na minha vida. O assunto era só aquilo: como é que nós fomos perder com um gol desse? Fomos para o dormitório. Você sabe que deitei e não lembrei mais nada ? Quando dei por mim, estava em Teresópolis, com meu carro. E eu não sabia onde estava. Eu estava debaixo de uma jaqueira. Não sei como saí com o carro. Não sei. Depois, me refiz. Só aí comecei a saber onde é que eu estava e o que é que tinha feito".

 

Bauer

"Todo mundo dizia: vamos visitar os campeões do mundo. Praticamente tinha uma arquibancada de torcedores vendo os futuros campeões do mundo almoçar. Isso não existe! Nós mesmos nos derrotamos. O próprio brasileiro derrotou o brasileiro".

 

Bigode

"Passamos num restaurante na Cinelândia. Tinha uma madame do meu lado, gente de São Paulo. Ela disse: 'Nunca tinha entrado num campo de futebol, aquela foi a primeira vez. O culpado foi Bigode'. A mulher nem me viu ali do lado. Nem me conhecia. Aquilo tirou meu apetite".

 

Jair

"O Cruzeiro, a melhor revista que existia no Brasil, tinha um carro para cada um. Era um carro para cada jogador da seleção brasileira que fosse campeão do mundo para ficar 'uma semana na vida de um campeão do mundo'. 

 

Foto: Jornalista Geneton Moraes Neto entrevista o ex-jogador da seleção brasileira Ghiggia, em documentário da GloboNews

Divulgação/GloboNews

 

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