Globoplay estreia hoje o documentário original ‘Onde Está Tim Lopes?’
O documentário original "Onde Está Tim Lopes?" estreia nesta quinta-feira, dia 29, no Globoplay. A obra, que chega hoje à plataforma às 18 horas, presta uma homenagem ao jornalista que tanto se destacou na profissão ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira, promovendo um legado a partir de seu olhar para a valorização da cultura e da diversidade nas periferias. Dividida em quatro episódios, a série documental narra a trajetória profissional do repórter gaúcho radicado no Rio de Janeiro, a partir da perspectiva de suas reportagens ao longo da carreira. E também convida o público para uma reflexão sobre como os temas de suas denúncias sociais nos espaços urbanos, na favela ou no asfalto permanecem tão atuais, mesmo vinte anos depois de seu assassinato. A docussérie é dirigida e roteirizada por Bruno Quintella, jornalista e filho de Tim Lopes, que também conduz boa parte das entrevistas e traz seus relatos pessoais sobre o pai. "O nome da série faz uma referência à campanha de vinte anos atrás quando meu pai desapareceu (antes de ser confirmada sua morte), mas tem também um sentido metafórico. A gente quis refletir sobre onde Tim estaria nesse momento. Se dedicando a quais pautas? Com os jornalistas contemporâneos e os da sua época? Com os estudantes das novas gerações? A verdade é que tentaram calar uma voz, mas criaram várias novas", destaca Bruno Quintella. O documentário mergulha no estilo único de Tim Lopes fazer jornalismo, através de suas reportagens para o jornal e para a TV, e mostra como seu método conquistava o público leitor e telespectador. Ao longo dos episódios, a trajetória de Tim – que chegou ao Morro da Mangueira aos 12 anos de idade na década de 1960 – é analisada e comentada por outros jornalistas, colegas e familiares, que dão seus depoimentos sobre o trabalho e a convivência, além de refletirem sobre o legado deixado por ele para as próximas gerações. O documentário "Onde Está Tim Lopes?" tem direção geral de Bruno Quintella; direção de Bruno Quintella e Anna Azevedo; e roteiro de Bruno Quintella e Rodrigo Fonseca. A produção é da Saudades Filmes, Filmi di Luzzi e Serra Azul Filmes. Confira abaixo entrevista exclusiva com o jornalista, diretor e roteirista Bruno Quintella: O que o público pode esperar do documentário "Onde Está Tim Lopes"? Bruno Quintella: O público vai encontrar uma série sobre jornalismo atual, jornalismo investigativo e, principalmente, com uma vertente pouco explorada: o jornalismo investigativo social. A gente tenta mostrar que se os problemas sociais não são resolvidos ao longo do tempo, há uma consequência a ser paga. A pobreza e a miséria lá de trás podem se tornar a criminalidade de hoje. Na série, vamos falar sobre a maneira e as técnicas utilizadas por Tim em suas reportagens, sempre com muita sensibilidade para entender o outro, e trazemos para os holofotes a cultura de favela. A gente tenta mostrar um outro lado da moeda indo para áreas conflagradas como a Cidade de Deus, Favela da Maré, Antares, Complexo do Alemão para apresentar um outro lado, além da violência, com toda a força cultural dessas comunidades e a perspectiva de uma melhoria através do social. Quais foi o maior desafio desse trabalho? Bruno Quintella: Eu já tinha feito antes um documentário sobre o meu pai. Sob a perspectiva de um filho em busca de histórias do pai, um conteúdo muito pessoal e afetivo. Já nesta série, eu estou, de certa forma, me desprendendo um pouco para seguir o meu próprio caminho. Eu sou jornalista como o meu pai, ele me inspirou a seguir essa profissão. Mas acho que minha vocação sai um pouco do escopo do jornalismo de TV e vai mais no sentido de documentários e cinema. Então, esse é como se fosse um trabalho me despedindo, um momento de desapego, sabe? É como se eu fosse seguir minha vida e o meu pai me liberasse e dissesse "Meu filho, você é bom jornalista, mas o teu negócio é outro. Sai fora, vai viver tua vida, vai ver o que você sabe fazer de melhor". O grande desafio foi processar o desapego dessa vontade antiga que eu tinha de seguir na minha carreira profissional o que o meu pai gostava e desejava para mim. Qual é o principal legado deixado por Tim Lopes? Bruno Quintella: É muito bonito ver o quanto meu pai ainda inspira tantas pessoas, entre elas jovens entre 18 e 20 anos de idade que, por exemplo, estão ainda iniciando na carreira jornalística e sequer eram nascidos na época dele. Recentemente uns estudantes estiveram aqui em casa para fazer um TCC da faculdade sobre o Tim Lopes. Essa memória dele é, sem dúvida, um grande legado, né? E acredito que os amigos e a família têm que ajudar a preservá-lo. Acho que essa série mostrará o quanto o trabalho que ele fez lá atrás, com um bom jornalismo e um olhar macro para o social, tem reflexo ainda hoje. Os problemas são mostrados, as denúncias são feitas, mas, enquanto as autoridades não resolvem, a tendência é os problemas sempre se repetirem. Quais são as principais lições que o Tim deixou para o Bruno filho? Bruno Quintella: O meu pai era um cara incrível. Ele tinha um sorriso muito cativante, era muito amigo e afetuoso. Ele me ensinou que a gente tem que sempre encarar os desafios com o sorriso no rosto, mesmo nos momentos mais difíceis, e isso é algo que levo para a vida. |
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