COM PREMIÈRE MUNDIAL NA BERLINALE, BETÂNIA É RECEBIDO COM ENTUSIASMO


 

Longa de Marcelo Botta, que teve sua primeira exibição mundial no domingo, conta com elenco todo do Maranhão

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Selecionado para o Festival de Berlim deste ano, BETÂNIA foi exibido pela primeira vez no evento no último domingo, e foi recebido com aplausos pelo público da Berlinale. O filme faz parte da seção Panorama, e concorre ao prêmio principal escolhido pelo voto do público, e também ao Teddy, concedido a filmes de todo o Festival que trabalham temática LGBTQIAPN+.

 

"Um aspecto nítido em BETÂNIA é retratar com riqueza de detalhes um pedaço do Brasil que não é tão conhecido, inclusive fora do País", escreveu Neusa Barbosa, no Cineweb. Já Carlos Alberto Mattos em seu blog disse que "a ficção às vezes assume ares de conversa documental para delinear o contexto numa pegada etnográfica. No fim das contas, ficamos com um pequeno painel das carências e contradições que povoam os Lençóis Maranhenses."

 

"Os aplausos finais mostraram que o filme comunica bem. E Botta trabalhou com elenco local, o que garante a autenticidade dos personagens", escreveu Luiz Carlos Merten, no jornal O Estado de S. Paulo. O elenco do filme, em si, é uma de suas grandes qualidades, formado apenas por atores e atrizes maranhenses.

 

O longa traz como protagonista a parteira Betânia (Diana Mattos), nascida numa região também chamada Betânia e repleta de histórias e memórias. A perda de seu marido transforma sua vida, e após deixar a aldeia onde mora, vai morar perto das dunas, onde pretende reçomecar sua vida.

 

"Eu sou extremamente grato ao talentosíssimo elenco de BETÂNIA. Como até mesmo os personagens franceses são interpretados por franceses que moram no Maranhão, podemos dizer sem pestanejar que temos muito orgulho de contar com um elenco 100% maranhense", comenta Botta, que também assina o roteiro.

A maior parte do elenco está pela primeira vez em um longa de ficção. Diana Mattos, a atriz que faz a protagonista Betânia, é funcionária pública em São Luís e palhaça em apresentações para o público infantil. Sua única aparição no cinema brasileiro foi em um detalhe de sua mão em Carlota Joaquina, filme de 1995 dirigido por Carla Camurati.

 

Já para o personagem Antonio Filho, Botta conta que não podia ser um ator da capital, precisava ser alguém nascido nos Lençois mesmo. "Ele chegou com uma naturalidade, uma confiança, um domínio do espaço cênico que deixou todo mundo espantado. Na hora de fazer o contrato, descobrimos que Ulysses na verdade se chama José Carlos, mas escolheu Ulysses porque se identificava mais com o nome. Talvez ele já soubesse que precisaria ter um nome artístico. Nos ensaios com Caçula Rodrigues, o Ulysses foi mostrando cada vez mais os recursos do grande ator que ele se tornou ao longo do processo."

 

O ator Caçula Rodrigues, que faz o personagem Tonhão, é maranhense, mas mora em São Paulo. Botta o  conheceu no mesmo clube de reggae onde conheceu sua esposa. "Costumo dizer que devo tudo ao reggae (e prometo pagar em filmes). Logo que conheci o Caçula nos tornamos amigos. Ele não era ator. Agora é, pois mostrou ter um monstruoso talento nato para a atuação. Quando ele chegou em Santo Amaro e fez a primeira leitura de roteiro todos ficaram maravilhados. Eu já escrevia os diálogos ouvindo a voz dele e quando tudo se juntou foi como um encaixe perfeito."

 

E, apesar das diversidades que a personagem enfrenta, Botta define BETÂNIA como um filme otimista. "Enxergar esperança como Dona Betânia e fazer esse filme foi o que nos manteve firmes e ativos durante o pior momento para o cinema autoral na história recente do Brasil. Sobrevivemos. E mais do que isso, com este longa, respondemos a todo esse processo histórico no qual sofremos golpes e tentativas de golpe para dizer em alto e bom som que o cinema brasileiro merece respeito e que o cinema brasileiro estará a cada dia mais forte do que nunca."

 

Sinopse

Nascida num lugar também chamado Betânia, a parteira Betânia, de 65 anos, é uma mulher repleta de histórias e experiências. Com a morte de seu marido, suas filhas querem que ela deixe o lugar isolado, e vá morar com elas na região das dunas dos Lençóis Maranhenses. Apesar da resistência, ela caba cedendo, e terá de recomeçar a vida num luga que não conhece, e acaba fazendo novos amigos.

 

 

Ficha técnica

Roteiro e direção: Marcelo Botta

Elenco: Diana Mattos, Ulysses Azevedo, Nádia de Cássia, Caçula Rodrigues, Michelle Cabral, Tião Carvalho, Rosa Ewerton Jara, Vitão Santiago, Anouk Mulard, Caiçara Vibration, Tim Vidal

Produção: Marcelo Botta, Gabriel Di Giacomo

Produção executiva: Maria Isabel Abduch, Luciana Coelho

Fotografia: Bruno Graziano

Montagem: Marcio Hashimoto

Trilha sonora: Tião Carvalho, Edvaldo Marquita da Betânia, Misael Pereira da Betânia

 

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