Editora Olhares e Caravela Filmes lançaram Biografia de Zé Rodrix no Rio de Janeiro
Além da sessão de autógrafos com o autor do livro, Toninho Vaz, durante o evento foi exibido com exclusividade o longa-metragem sobre a vida do artista
Foi lançado ontem, dia 07 de março, o livro "O fabuloso Zé Rodrix", de Toninho Vaz, na Livraria da Travessa do Leblon, Rio de Janeiro. Antes da sessão de autógrafos com o autor, foi exibido, em pré-lançamento, o longa-metragem sobre a vida do artista.
Zé Rodrix foi um multi-artista e tinha o dom de estar em muitos lugares ao mesmo tempo. Na banda Momento4, aos 19 anos, acompanhou Edu Lobo na vitória de Ponteio, no Festival de Record de 1967. Com a lendária Som Imaginário, criada inicialmente para acompanhar Milton Nascimento, foi protagonista do flerte da MPB com o rock progressivo. No trio com Sá e Guarabyra fundou o estilo que seria chamado de Rock Rural. Com a gravação de Elis de Casa no Campo, estourou em todas as paradas e teve uma carreira solo de enorme sucesso. Num dado momento, como se entenderá nas páginas do livro, parou tudo. Houve muitos Zé Rodrix, antes e depois disso. Compositor, multi-instrumentista, publicitário, escritor, ator, gozador, maçom, cozinheiro, era na verdade um grande inventor de histórias - um "fabuloso fabulista" que tem agora sua história revelada na biografia escrita por Toninho Vaz e publicada em coedição pela Editora Olhares e Caravela Produções.
Tanto o livro, quanto o longa, fazem um check-up geral na trajetória produtiva, provocadora e cativante do artista. A sólida formação musical - atributo que moldou sua carreira - teve início ao receber as primeiras noções musicais de seu pai. No Conservatório Musical do Rio de Janeiro e na Escola Nacional de Música, estudou teoria musical, harmonia e contraponto, piano, acordeom, flauta, saxofone e trompete. A trajetória artística se iniciou no Colégio de Aplicação da UFRJ, onde fundou um grupo de teatro no qual exercia as funções de ator, diretor, cenógrafo e compositor de trilhas sonoras. O livro conta ainda, com detalhes, os desdobramentos dessa empreitada na primeira atividade artística profissional, como ator, ainda na época escolar, quando se tornou um dos mais ativos membros do emergente Teatro Tablado, no Rio.
A versatilidade musical tornou Zé Rodrix uma figura basilar nos grupos de que participou. No Momento4, na Som Imaginário, no trio Sá, Rodrix e Guarabyra, ele compunha e tocava instrumentos diversos. A consagração na música se deu com a gravação de Casa no Campo por Elis Regina, em um compacto lançado pouco depois dele ganhar com a mesma música o IV Festival de Música Popular Brasileira de Juiz de Fora, em 1968. A versão de Elis também apareceria em seu LP do ano seguinte, 1972, e foi posteriormente apontada pela edição brasileira da revista Rolling Stone como a 93a Música Brasileira Mais Importante de Todos Os Tempos.
Num dado momento, Zé Rodrix parou tudo. Se retirou do mercado fonográfico por decisão própria, direcionou seu talento para o jingle publicitário (e mil projetos mais) e foi um dos grandes do Brasil nessa seara. Ainda ingressou na maçonaria e escreveu uma trilogia de fôlego, onde misturou, em 1.400 páginas, fatos reais e ficção, abordando a fundação da maçonaria na época do Rei Salomão, ano 1.000 a.C. Demonstrou também uma afiada verve literária.
Isso tudo seria pouco para a personalidade inquieta desse artista brasileiro, que dá o tom do livro. Craque na criação de jingles, conquistou importantes premiações internacionais através da sua produtora A Voz do Brasil. Manteve a atividade de arranjador, produtor e compositor de trilhas, coisas do arco da velha como o inesquecível solo de teclado Moog (e arranjo) da música Fala, do grupo Secos e Molhados. Integrou ainda o grupo Joelho de Porco, ícone do estilo punk-rock-humor brasileiro, e participou do Festival dos Festivais em 1985, ganhando o prêmio de melhor letra pela música "A Última Voz do Brasil".
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