Único filme dirigido pelo encenador Antunes Filho é exibido pela primeira vez na televisão no SescTV
Discutindo preconceito, em plena ditadura, "Compasso de Espera" estreia no dia 25 de fevereiro, às 23h, no SescTV
O longa-metragem de ficção Compasso de Espera (1969-1973) é o único filme dirigido por um dos mais renomados nomes do teatro brasileiro, Antunes Filho, que também é autor do texto e do roteiro. O filme, que discute preconceito quando o Brasil vivia a ditadura militar, é um dos primeiros a ter um ator negro - Zózimo Bulbul -, que hoje também é cineasta e roteirista, no papel principal. A produção lançou Renné de Vielmond como atriz e traz no elenco Elida Palmer e Karin Rodrigues, além de participações de Antonio Pitanga e Stênio Garcia.
Com direção de fotografia de Jorge Bodanzky, o filme recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, SP, de Melhor Argumento para Antunes Filho; o Prêmio Air France, 1975, RJ, de Melhor Diretor; o Prêmio Adicional de Qualidade, 1973 - INC., e pela Associação Paulista dos Críticos de Arte, em 1975, recebeu os prêmios de Melhor Argumento para Antunes Filho e Atriz Revelação para Renée de Vielmond. Compasso de Espera é exibido pela primeira vez na televisão no dia 25 de janeiro, sábado, às 23h, no SescTV.
O filme traz no roteiro a história de Jorge de Oliveira (Zózimo Bubul) um jovem poeta negro, da classe média, apadrinhado por Dr. Macedo Alves (Augusto Barone), ex-patrão de sua mãe (Cléa Simões). Jorge leva uma vida confortável e tenta driblar preconceitos e humilhações por ser negro de origem pobre. Em entrevista a um canal de televisão, para lançamento do seu livro Compasso de Espera, que dá título ao filme, o poeta fala sobre o preconceito racial no Brasil e interpreta um de seus poemas.
Na agência de publicidade onde trabalha, Jorge vive um romance com Ema (Elida Palmer), sua chefe, uma mulher branca e mais velha, cujo relacionamento é motivo de fofocas por parte de amigos. Como se isso não bastasse, ele conhece Cristina (Renné de Vielmond), uma jovem branca de uma família tradicional paulista. Eles se apaixonam, mas o poeta não tem coragem de terminar seu relacionamento com a sua chefe.
Tentando fugir dos olhares maldosos, Jorge e Cristina se encontram em uma praia, onde sofrem preconceito por racismo e são agredidos por um grupo de pescadores que não admitem o namoro entre um negro e uma branca. Triste com o ocorrido, Jorge vai visitar sua mãe (Cléa Simões) e sua irmã (Lea Garcia), que o repreende por demorar a visitá-las. A irmã acredita que seu irmão tem vergonha da própria família. Ema descobre o romance entre Jorge e Cristina e pede apenas para ele ser honesto com ela. Assustada com os acontecimentos, Cristina resolve partir.
Ao abordar o forte preconceito existente na época, não só contra os negros, mas também contra os homossexuais, o filme também mostra Jorge conversando com amigos e sendo acusado por Astis (Antonio Pitanga) de não lutar com todas as garras pelos interesses dos negros; enquanto Radar (Stênio Garcia), um homossexual, diz que ser preto é mil vezes melhor do que estar na situação dele.
SERVIÇO:
Compasso de Espera
Estreia: 25/2, às 23h
Direção: Antunes Filho
Diretor de fotografia: Jorge Bodansky
Classficação indicativa: 16 anos
Comentários