Exposição “Retratistas do Morro” tem visitação prorrogada até dia 28 de janeiro de 2024 no Sesc Pinheiros

 

A mostra apresenta visão panorâmica sociopolítica e cultural do Aglomerado da Serra (MG), a partir do acervo e de registros inéditos dos fotógrafos Afonso Pimenta e João Mendes

ao longo dos últimos 50 anos

 

São cerca de 340 imagens organizadas pelo curador e pesquisador Guilherme Cunha

 

Aniversário da Renatinha, registro de Afonso Pimenta. Ano 1988


Composta por fotografias de um acervo que compreende o período de 1960 a 1990, sobre a região do Aglomerado da Serra, localizada ao Sul de Belo Horizonte (Minas Gerais), a exposição Retratistas do Morro se propõe a construir e revisitar uma narrativa da história recente das imagens brasileiras a partir do ponto de vista dos fotógrafos Afonso Pimenta e João Mendes, sob curadoria do pesquisador e artista visual Guilherme Cunha.

A exposição é um desdobramento do trabalho social "Retratistas do Morro", conduzido por Guilherme Cunha desde 2015, que visa contribuir para a preservação do patrimônio histórico-cultural nacional e para a ampliação do entendimento sobre a história das imagens no Brasil, com ênfase em narrativas visuais produzidas principalmente por retratistas que atuaram nas comunidades, por meio do mapeamento, identificação, catalogação e restauração desses acervos fotográficos.

 

O início da pesquisa se constituiu em realizar um levantamento para identificação desse grupo de retratistas. "Dentre os fotógrafos, com os quais passamos a conviver de forma mais próxima, se destacaram: Afonso Pimenta e João Mendes; por estarem atuando na região desde o final da década de 1960, e pelo volume de seus acervos, entre negativos P&B de médio formato (6×6), negativos coloridos 35mm, monóculos e negativos de ½ 35mm'', conta Guilherme.

 

Para a Mostra no Sesc Pinheiros, a tarefa de aprofundamento de Guilherme nos mais de 250 mil negativos do acervo, também desdobrou em um profundo processo de pesquisa sobre a história da comunidade. Desse montante, o recorte curatorial inicial estabeleceu 33 mil imagens passíveis de restauro e que traçam uma historicidade em imagens do Aglomerado da Serra.

 

Com a expografia assinada por Ricardo Amado, a exposição apresenta cerca de 340 imagens e é dividida em três temáticas que se misturam pelo espaço:

Retratosentre fotos de estúdio feitos por João Mendes, usados para documentos e registros, e retratos domésticos a que Afonso Pimenta chama de "corpo a corpo", o conjunto de imagens constrói a trajetória dos moradores na vida cotidiana, casamentos e celebrações, para além dos registros oficiais. Impressas em papel de algodão e em diversos tamanhos;

Bailes: esse recorte comporta cerca de 21 imagens impressas em tecido e montadas em grandes dimensões. Nele, é possível conferir registros de Afonso em suas atuações em campo, como os bailes black soul espalhados pela capital mineira, eventos que promoviam o encontro e movimentavam a cena cultural.

Espaço das Becas: em torno de 200 imagens, impressas em papel de algodão, de crianças e jovens da comunidade da Serra celebrando a formatura escolar. Elas estão vestidas com as tradicionais becas coloridas e com diplomas nas mãos.


Guilherme destaca, ainda, a importância desse movimento de dar presença no cenário da arte contemporânea por meio da mostra, como importante forma de lastro simbólico das populações brasileiras que, por vezes, têm suas histórias representadas pelo olhar de fora.

 

Em complemento às imagens, a mostra traz 60 áudios com trechos de entrevistas com os fotógrafos e seus fotografados, bem como lideranças locais e agentes culturais. Uma playlist feita por Misael Avelino, fundador da Rádio Favela, acompanha e rememora a efervescência dos bailes black e soul music retratados pelas lentes de Afonso.

O Aglomerado da Serra, formado pelas vilas Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida, Santana do Cafezal, Novo São Lucas, Fazendinha, Chácara e Marçola, é resultado da expansão populacional e territorial a partir de 1914, como solução para muitas famílias que vieram do interior para colaborar na construção da capital mineira ou à procura de emprego e não tinham onde morar.

 

"As imagens produzidas por Afonso e João nos revelam outras versões da história das cidades e das populações de favela no Brasil, contadas a partir das experiências, da realidade familiar, de acontecimentos, como casamentos, nascimentos, batizados, jogos de futebol, velórios, formaturas, bailes, construções de barracos, e da visão de mundo de seus moradores", reforça o curador, que acrescenta: "a trajetória dos fotógrafos, de quase meio século, se tornou um dos poucos acervos imagéticos sobre a memória visual da cidade de Belo Horizonte, capaz de conectar as histórias de vida dos moradores do Aglomerado, suas lutas e conquistas, à história da capital mineira".

Serviço

Retratistas do Morro
curadoria de Guilherme Cunha

Visitação: de 20 de junho de 2023 a 28 de janeiro de 2024. Terça a sábado, das 10h30 às 21h. Domingos e feriados, das 10h30 às 18h.

Local: Espaço Expositivo (2º andar) | Grátis | Livre

Sesc Pinheiros – Rua Paes Leme, 195

Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h; sábado, domingo e feriado, das 10h às 18h. Para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$12 (credencial plena) e R$ 18 (credencial MIS, credencial atividades e não credenciados ao Sesc).

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