O novo espetáculo do Balé da Cidade de São Paulo será diferente de tudo que a companhia já produziu até agora. Projeto autoral do aclamado diretor italiano Stefano Poda, Titã é uma obra ambientada em um cenário que em nada perde para as óperas encenadas no Theatro Municipal de São Paulo ou em qualquer outro grande palco do mundo. A temporada começa no dia 10 de setembro, às 20h, no palco do Municipal, e segue nos dias 11, às 17h, e 13, 14 e 15 às 20h. A Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, sob a regência do maestro residente Eduardo Strausser, acompanhará todas as apresentações. Titã é o título da primeira sinfonia escrita por Gustav Mahler, sendo a primeira obra sinfônica completa do compositor austríaco interpretada pelo Balé da Cidade de São Paulo. "Mahler é hoje um dos compositores sinfônicos mais executados no mundo, as orquestras tocam mais do que Beethoven e Mozart porque a sua música dialoga com o mundo contemporâneo", comenta Strausser. Em conjunto com o maestro e os bailarinos, Poda tem procurado a melhor forma de passar uma imagem poética-visual da sinfonia. O diretor italiano já produziu cerca de 100 espetáculos na Europa, América do Sul, América Central e Estados Unidos. Em 2015, montou Thaïs, de Jules Massenet, no Theatro Municipal com a participação da companhia. A peça estreou em 2008 no Teatro Regio di Torino, na Itália. Em 2012, a montagem foi considerada pela BBC Music Magazine uma das vinte melhores dos últimos 20 anos. Com cenários que chegavam a ser hipnotizantes, o público tinha a sensação de que, a cada ato, estava diante de um belo quadro. A dança, a música e a iluminação, aliadas ao primor dos detalhes do cenário, convergiam para uma expressão de arte total. Após o sucesso da temporada e o entrosamento entre Poda e a companhia, a diretora artística do Balé da Cidade de São Paulo, Iracity Cardoso, o convidou a criar uma obra apenas para o grupo. "Titã é fruto de uma ótima colaboração com o Balé da Cidade de São Paulo. O espetáculo vai mostrar a versatilidade e entrega dos nossos excelentes bailarinos. Além do mais, trabalhar com o Stefano é um desafio porque as propostas vêm sempre carregadas de um sentido, expressão intensa e exigentes qualidades artísticas". Além deste novo trabalho, Poda montará Fosca, ópera de Antônio Carlos Gomes. As récitas acontecem em dezembro e encerram a temporada de 2016 do Theatro Municipal, com a participação também do Balé da Cidade. Para os dois espetáculos, o italiano assina a direção de cena, cenografia, desenho de luz, figurinos e coreografia Titã Considerado pela imprensa internacional como um "artesão" devido a sua forte ligação com a estética, o diretor italiano diz que Titã será um espetáculo onde todas as artes conversam. "Não é uma trilha sonora e em cima dela vem uma coreografia. É uma oportunidade de fazer uma viagem através das emoções, desde as mais extremas às mais simples. É uma reflexão sobre o nosso tempo, nossa vida", explica. Para quem construiu sua carreira com as riquezas das óperas, o novo espetáculo, sem as amarras do libreto, tem um significado especial, pois permite uma liberdade de criação que não existe nas temporadas líricas. O espetáculo se desenrolará em uma instalação de arte contemporânea, que dará uma ideia de efêmero, passageiro. No palco uma menina constrói castelos de areia na praia. A cada dia, a maré chega e desmancha. "Teremos uma praia de arroz enorme. Por que o arroz e não a areia? A areia fica e o arroz se dilui. É o reflexo do nosso mundo em que os momentos sempre fogem". Provocador em suas montagens, o italiano gosta que o público seja espectador de si mesmo. "Ofereço apenas uma lente para que ele se olhe... quero que as pessoas se deixem levar, não pensem". Pela primeira vez na história da companhia, todos os 34 bailarinos estarão em cena durante os 70 minutos de espetáculo. "O palco para mim é o lugar mais democrático da vida, o protagonismo é resultado do talento". A confecção do figurino ficará a cargo de João Pimenta que já trabalhou com a companhia em diversas outras ocasiões: Brasileiros (2015); T.A.T.O (2012) e Paraíso Perdido (2011). | |
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