Documentário inédito registra o dia a dia das crianças A’uwê, seus jogos e brincadeiras que mantêm vivas as tradições Xavante
Com direção de Cristina Flória e Wagner Pinto, a produção estreia no dia 20/4, sexta-feira, às 20h
Foto: Cristina Flória.
O SescTV exibe o documentário inéditoA'uté A'uwê Upitab: Ser Criança A'uwê(2017), que revela as brincadeiras de meninos e meninas indígenas, passadas de geração em geração, na aldeia Pimentel Barbosa, em Matinha - MT. Com direção de Cristina Flória e Wagner Pinto, a produção, que estreia no dia 20/4, sexta-feira, às 20h, ainda destaca a escola e a preservação da cultura por esses garotos e garotas (assista também emsesctv.org.br/aovivo).
Na língua a'uwê, falada pelo povo Xavante,a'uté quer dizer criança e a'uwê uptabi - forma como eles se autodenominam - significa povo verdadeiro. Hoje, eles são aproximadamente 18 mil, distribuídos por mais de 200 aldeias, em nove territórios indígenas. Uma dessas aldeias é a Pimentel Barbosa, onde vivem cerca de 300 pessoas. Dentre elas está o cacique Suptó Xavante, que comenta sobre a importância de cuidar do meio ambiente, garantindo o cultivo de alimentos e o futuro das crianças. De acordo com ele, os não indígenas não têm essa preocupação.
Com o objetivo de preservar a sua cultura, os adultos Xavante ensinam brincadeiras ancestrais para suas crianças, que são passadas de geração a geração. Suptó comenta que esses jogos ajudam no desenvolvimento dos meninos e meninas Xavante, e reitera: "valorizamos as brincadeiras de infância, porque elas revelam a educação de nosso povo". O documentário mostra que há brincadeiras que são típicas das garotas, como Zöomori(acampamento familiar). Nela, as crianças constroem casinhas "imitando as mulheres mais velhas", explica a professora Renhoi´ru´õ. Confeccionar cestos com folhas de árvore e cipós também faz parte dos momentos lúdicos das garotas. "Mais tarde, elas irão precisar para carregar seus bebês", conta Penhoré, uma das adultas que transmite o ofício às pequenas.
Para os meninos, são reservadas outras atividades: a pesca que, ao mesmo tempo que a praticam, divertem-se saltando nas águas do rio; a caça, que se inicia com o aprendizado de fazer um arco e flecha de brinquedo, para fingirem que são caça e caçador; e a peteca feita de folhas secas de milho e cipó, que é usada na brincadeiratob´daé. O Suptó Xavante e o professor Wilker contam que, nessa brincadeira peculiar dos garotos, o objetivo é acertar o outro e não ser acertado. "Para não ser atingido, precisa ser ágil", revela Suptó.
O documentário A'uté A'uwê Upitab: Ser Criança A'uwê apresenta ainda odapara'dutata'are, que os professores Rene e Wilker ensinam aos meninos. O desafio consiste em atravessar o rio deixando uma perna dentro da água e a outra fora sem molhar o pé. Se molhar é preciso voltar e recomeçar. A transição dos garotos para a vida adulta também é abordada no filme. Confinados na Hö, como é chamada a casa de reclusão, os pequenos xavantes se despedem da infância, levando, na memória, seus jogos e brincadeiras que ajudam a manter viva a cultura de seu povo.
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