Regina Miranda mistura dança, realidade virtual e interatividade em instalação no Oi Futuro
Em P.O.E.M.A., a respiração do público, captada por sensores, é responsável pelo som, imagem e movimentos coreográficos da instalação
Performances presenciais serão apresentadas de 16h30 às 19h30, de terça a domingo, até o dia 21 de agosto no centro cultural no Flamengo
A partir do dia 19 de julho, o público poderá determinar o que será visto e ouvido na instalação performática imersiva P.O.E.M.A., de Regina Miranda, no Oi Futuro no Flamengo. Tendo como indicadores o ar, o corpo e a água, a performance e o ambiente se transformam de acordo com o ritmo respiratório dos participantes, captado por sensores de alta qualidade, criando uma experiência entre bailarinos e plateia, imersos em uma ambientação física. A composição coreográfica prevê a articulação em tempo real de dados previamente estabelecidos em 200 células coreográficas de duração variada.Com esta criatividade coletiva, o trabalho de Regina Miranda articula realidade virtual, dança, música e videodança para proporcionar momentos jamais repetidos,.
Idealizada, coreografada e dirigida por Regina, a instalação conta com a colaboração dos artistas Mirjana Prpa (Sérvia), arquiteta especializada na criação de ambientes de realidade virtual, Kivanç Tatar (Turquia), músico que se dedica a processos generativos de música eletrônica, e reúne três intérpretes da Companhia de Regina Miranda – Marina Salomon, Patrícia Niedermeier e Marina Magalhães. A cenografia de Natalia Lana, os figurinos de Luiza Marcier, o vídeo de Barbara Branco e a luz de Luiz Paulo Nenen completam a ambientação imersiva.
Processo de criação de P.O.E.M.A.
Em P.O.E.M.A., processo e realização estão plenamente interligados. Sua complexidade tecnológico-expressiva envolve tecnologias de música generativa em conjunto com as de realidade virtual individual e imersiva e, de forma inovadora, efetua um salto tecnológico criado especialmente para o projeto ao criar sistemas para a passagem simultânea de uma imagem muito pequena, vista em óculos RIFT, para a projeção de grande dimensão necessária para a sensação de imersão coletiva desejada pela idealizadora.
Tendo como indicadores o ar, o corpo e a água, um voluntário da plateia é ligado a um sensor de alta qualidade e seu ritmo respiratório se torna a "célula tronco" da instalação, gerando som e imagem. Ar e água como conceito, e som e imagem como elementos intensivos da instalação, formam o ambiente com o qual a dança dialoga. Quando o sensor é desligado, cessam também as imagens e a música generativa e entra em cena o silêncio. Neste momento, o trabalho se concentra na integração de dança em tempo real, videodança e música original criada a partir de textos de Regina. No vídeo e na cena o conceito de "corpo ausente" é trabalhado, enquanto os textos aparecem como vestígios de voz geradores de silêncio e matéria para uma composição musical de Kivanç Tatar, criada especialmente para P.O.E.M.A.
Para concretizar a ideia de corpos autônomos em espaço e tempos indeterminados, a videodança desta "região de silêncio" é produzida através da técnica de vídeo mapping. Em P.O.E.M.A, o aleatório é um elemento essencial, pois não se sabe quando uma nova pessoa será ligada aos sensores. Até mesmo os ensaios são bastante diferentes daqueles voltados para uma coreografia tradicional: após o aprendizado das células coreográficas, a prática se volta para não criar ou memorizar uma coreografia definitiva e sim para explorar um número vasto de possibilidades de articulação. A intenção é que haja uma dança sempre diferente em cada momento, composta a partir da articulação expressiva de dados previamente absorvidos pelo computador humano encarnado.
"É um grande desafio trabalhar com tecnologias que não domino, como o videomapping e a realidade virtual. Me sinto iniciando uma outra etapa da minha vida profissional, com a união da arte com a tecnologia", afirma Regina Miranda. "É um trabalho muito diferente de tudo o que eu já fiz. Para mim é uma renovação, porque as questões que sempre trabalhei permanecem, mas a maneira de abordá-las é completamente diferente", complementa a artista.
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