​Escritor Cristóvão Tezza investiga um possível novo realismo na literatura brasileira

Em episódio inédito da série Super Libris, do SescTV, o autor reflete como a escola literária pode estar voltando à tona. Dia 30/7, segunda-feira, às 21h



Cristóvão Tezza. Foto: Piu Dip.

Oficialmente, o realismo brasileiro surgiu em 1881, quando Machado de Assis publicou o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Após as escolas do naturalismo, simbolismo e modernismo, é difícil definir a atual fase da literatura brasileira. Mas, com o crescimento de uma produção que resgata as fontes realistas do século XIX, o escritor paranaense Cristóvão Tezza indaga sobre a existência de um realismo contemporâneo. Acerca disso, ele é entrevistado pelo diretor, jornalista e escritor José Roberto Torero no episódio Re-realismo ou O Eterno Retorno do Realismo, da série Super Libris, que é exibido no dia 30/7, segunda-feira, às 21h, pelo SescTV. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo).

Cristóvão Tezza nasceu em Lages (SC), em 1952, e cresceu em Curitiba (PR), onde é ambientada a maior parte de suas narrativas, publicadas a partir dos anos 1980. Segundo ele, a literatura é sempre uma forma de representação da realidade e, com isso, a classificação 'realismo' torna-se questionável. Ele relembra que José de Alencar, que consolidou a primeira fase indianista do romantismo no Brasil, também tinha um projeto literário realista, na medida em que buscava descobrir o que é o Brasil e quem é o brasileiro. "Talvez a procura por um novo realismo seja muito brasileira. O realismo, entre nós, foi cheio de percalços, de idas e vindas, no sentido de que o Brasil procurava a literatura como representação do país", reflete o autor.

Para ele, o realismo que surgiu na França, no século XIX, com a publicação do romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, trazia uma pretensão cientificista. "O romancista apresentava um painel ao leitor, com começo, meio e fim", explica Tezza. No século XX, prossegue ele, surgem os individualistas, que buscavam dar sentido ao caos do mundo a partir de uma visão pessoal, sem fechamento com o exterior. "Aí, se percebe que nós estamos sozinhos, que Deus não é uma categoria que eu posso levar em consideração e nem a política. E, assim, o romance realista cria uma hipótese de existência".

Tezza entende que a função da literatura brasileira é discutir questões mais aprofundadas, que a imagem do cinema, com seu realismo mais descritivo e menos sugestivo, não alcança. "A literatura tem que ocupar um espaço de recuperação filosófica, reflexiva e existencial, em um sentido mais denso de solidão", opina o autor, que compara o realismo contemporâneo – e, dentro dele, a sua produção – com a pintura impressionista.

Sobre a atual proliferação de narrativas de cunho pessoal, sobretudo no gênero autoficção, Tezza concorda que haja uma tendência para a criação de narrativas baseadas em traumas, após o império da internet permitir a qualquer pessoa contar suas histórias em blogs. "A infelicidade produz literatura. As pessoas escrevem porque são infelizes", diz o autor, rindo; mas, ao fim, pondera "para a coisa não ficar muito trágica, eu digo que, do mesmo modo que a infelicidade produz literatura, a literatura produz felicidade. Depois ela dá o retorno", completa.

Além da entrevista principal, Cristóvão Tezza participa de outros quadros no episódio Re-Realismo ou O Eterno Retorno do Realismo. Em Pé de Página, ele mostra o escritório onde escreve, além de explicar seu processo de amadurecimento das narrativas e por que decidiu ser escritor. No quadro Primeira Impressão, ele sugere a leitura do romance A Morte de Ivan Ilitch, do escritor russo Liev Tolstói.

No quadro Orelhas, é apresentado o perfil do escritor cearense José de Alencar. Em Prefácio, a pedagoga Sandra Medrano indica o livro infantil Birigui, escrito por Maurício Meirelles com ilustrações de Odilon Moraes. No Quarta Capa, a youtuber Juh Oliveto comenta o livro O Filho Eterno, do próprio Cristóvão Tezza. Por fim, em Epígrafe, quadro novo da segunda temporada da série Super Libris, o cineasta Paulo Machline conta como foi fazer a adaptação de O Filho Eterno para as telonas.

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