O escritor Joca Reiners Terron fala sobre personagens bizarros e extravagantes na literatura brasileira
O autor destaca o extraordinário como novidade bem-vinda a tradição realista, no dia 1/10, segunda-feira, às 21h, no SescTV
Joca Reiners Terron. Foto: Piu Dip.
Vencedor do Prêmio Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional com o romance Do Fundo do Poço se Vê a Lua, em 2010, o poeta, prosador, designer gráfico e editor Joca Reiners Terron discute a criação de personagens raros e extraordinários como elemento fundamental na literatura brasileira. O autor trata do tema em Bizarros, Extravagantes e Esplicondríficos, episódio inédito da série Super Libris, que o SescTV exibe no dia 1/10, segunda-feira, às 21h, com direção de José Roberto Torero. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo.)
Nascido em Cuiabá – MT, em 1968, Terron já morou no Rio de Janeiro e atualmente vive em São Paulo. Foi criador e editor da editora Ciência do Acidente e é autor de romances, contos, poesias e dramaturgias, como Eletroencefalodrama (1998), Hotel Hell (2003), A Tristeza Extraordinária do Leopartdo-das-Neves (2013); e Noite Dentro da Noite (2017).
De acordo com o cuiabano, há dois séculos a literatura brasileira tem o predomínio do realismo, mas ele acredita que ocasiões extraordinárias são fundamentais para surgirem personagens raros que rendem histórias. "Pelo menos em certas literaturas, as de cunho não realista e não apegadas ao mimetismo", explica e completa, "a cada personagem bizarro que surge na literatura brasileira eu bato palmas, acho que é sempre uma contribuição bem positiva". Figuras fictícias como Visconde de Sabugosa, que é um sabugo de milho que fala, e Emília, uma boneca de pano que se movimenta e tem ideias fora da ordem, criados por Monteiro Lobato (1882 – 1948), são admiradas por ele.
Para Terron, o motivo de hoje em dia haver uma avalanche de personagens simples e fácil de serem entendidos se deve ao fato de estar na moda a literatura de autoficção. "É a presença do extraordinário que se opõe a essa situação comezinha", afirma. O autor avalia que o personagem de autobiografia ficcional tem pouco a contribuir para a literatura. Além disso, chama a atenção para o preconceito que existe quando escritores se dedicam a um outro estilo literário que não seja o habitual. "É como se eles fossem um afluente que dá voltas meio malucas e passam paralelamente ao veio central da literatura brasileira que é realista", expõe.
Terron fala sobre livros de criação imaginária, campeões de venda, que trazem fantasia, narrativas que tudo permitem, ficção científica e reproduções da era medieval, com apelo ao público jovem que, com o tempo e maturidade, passam a ler ficções mais realistas. O cuiabano também comenta sobre a construção de seus personagens, que misturam observação, imaginação e experiência pessoal e de vidas de pessoas ao seu redor.
No episódio Bizarros, Extravagantes e Esplicondríficos, Joca Reiners Teron participa ainda dos quadros: Pé de Página, que mostra onde trabalha, articula sobre seu processo de criação e porque escreve; e Primeira Impressão, no qual recomenda o livro PanAmérica (1967), de José Agrippino de Paula, que influenciou o movimento Tropicália.
Além desses, o episódio traz os quadros: Orelhas, que apresenta a biografia do o escritor Álvares de Azevedo (1831 – 1852); Prefácio, com Dolores Prades, consultora na área editorial de literatura para crianças e jovens, que sugere livro Reinações de Narizinho (1931), de Monteiro Lobato; Quarta Capa, onde ayoutuber Tatianne Dantas, que comenta a obra Noite Dentro da Noite, de Joca Reiners Terron; e Epígrafe, em que o cineasta Christian Saghaard fala sobre a adaptação que fez, para o cinema, do Macário (1855), de Álvares de Azevedo.
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