Autor de Cidade de Deus, Paulo Lins fala sobre a representação das favelas na literatura brasileira em entrevista inédita no SescTV

 

Lins discute a identificação dos leitores das favelas com escritores que vivem ou viveram nesses ambientes e a importância dos saraus nas periferias



Foto: Piu Dip.


 

No dia 5/11, segunda-feira, às 21h, o SescTV estreia Do Cortiço à (Neo) Favela, episódio inédito da série Super Libris, que traz o escritor poeta e roteirista carioca Paulo Lins como entrevistado. O autor de livros como Cidade de Deus – lançado em 1997 e adaptado para o cinema cinco anos depois, por Fernando Meirelles – aborda as transformações de comunidades pobres, principalmente do Rio de Janeiro, suas representações na literatura e a importância do protagonismo da favela.  Com direção de José Roberto Torero, o episódio também pode ser assistido em sesctv.org.br/aovivo.

 

Paulo Lins nasceu no Rio de Janeiro – RJ, em 1958. Parte de sua infância e adolescência viveu no conjunto habitacional Cidade de Deus, na periferia da cidade. Vem daí a inspiração e título para seu livro mais famoso. Cursou letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e iniciou na literatura como poeta, com o livro Sobre o Sol (1986). Nessa época integrava o grupo Cooperativa de Poetas. Logo depois, participou de outro grupo, dessa vez de pesquisa sobre o perfil da violência na Cidade de Deus, sob a liderança da antropóloga Alba Zaluar.

 

Em 2002, o escritor lançou seu segundo romance Desde que o Samba É Samba e, em 2013, foi convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt, na Alemanha. Como roteirista, assinou trabalhos como a série televisiva Cidade dos Homens e os longas-metragens Quase Dois Irmãos (2004), em parceria com a diretora do filme Lúcia Murat, e Faroeste Caboclo (2013), em parceria com René Sampaio.  

 

No episódio Do Cortiço à (Neo) Favela, Lins comenta que a melhor coisa que vem acontecendo nas favelas é a chamada literatura marginal. Segundo o autor, desde que ele lançou o livro Cidade de Deus, no final dos anos 1990, e o escritor Ferréz, Capão Pecado, em 2000, vem crescendo o número de saraus literários nas comunidades. Para o carioca, é muito importante esse olhar interno sobre a favela. "Dá uma outra dimensão de veracidade, de vivência, de trazer mistérios que estavam ocultos pela própria imprensa fora do conhecimento do povo", expõe.


Além disso, Lins discute o uso do termo favela e do neofavela; fala sobre os diferentes níveis sociais que há em uma comunidade pobre; sobre o crescimento de obras poéticas na literatura da periferia; e sobre as aspirações de muitas pessoas que vivem nesses habitats da cidade por mais acesso à cultura em geral. "Eles lutam para melhorar suas próprias vidas e a comunidade. Querem que a favela tenha mais ensino, literatura, investigação científica e produção", afirma o autor.

 

Paulo Lins participa ainda dos quadros Pé de Página, onde mostra seu ambiente de trabalho e revela como e porque escreve; e Primeira Impressão, no qual indica a leitura Nossos Ossos (2013), de Marcelino Freire. O episódio também traz os quadros: Orelhas, que apresenta a biografia do escritor brasileiro Aluísio de Azevedo; Prefácio, com a colunista Cristiane Tavares, que sugere o livro O Colecionador de Pedras (2007) e Literatura – Pão e Poesia (2011), ambos do poeta Sérgio Vaz, que integram a Coleção Literatura da Periférica; Quarta Capa, com a youtuber Amanda Azevedo, que recomendam a leitura de Quarto de Despejo (1950), de Carolina Maria de Jesus; e Epígrafe, no qual o roteirista Bráulio Montovani conversa sobre a adaptação para o cinema do livro Cidade de Deus, de Paulo Lins.


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