O escritor Fernando Bonassi fala da importância do subúrbio na literatura brasileira

 

Dentre outros temas, o autor comenta sobre o olhar que hoje se volta para produções literárias e de outras vertentes da cultura nessa parte da cidade. Dia 22/10, segunda-feira, às 21h, no SescTV



Foto: Piu Dip.


Escritor, romancista, cineasta, dramaturgo e contista, Fernando Bonassi discute sobre a força literária presente no cotidiano da baixa classe média urbana brasileira, no episódio Os Suburbanos Vão Invadir sua Praia, da série Super Libris, dirigida por José Roberto Torero. O autor do romance Um Céu de Estrelas (1991), que foi adaptado para o cinema e para o teatro, e roteirista do filme Carandiru (2003), dirigido por Héctor Babenco, aborda o tema no dia 22/10, segunda-feira, às 21h, no SescTV. (Assista também em sesctv.sescsp.org.br/aovivo.)

Nascido na capital paulista, em 1962, em uma família de baixa renda econômica, Bonassi estudou cinema na Escola de Comunicação de Arte – ECA, da Universidade de São Paulo. Versátil, tem contribuído com seus trabalhos para diferentes áreas da cultura. Na literatura, produzindo para o público adulto e infanto-juvenil, desde 1987, somando atualmente mais de 25 obras publicadas; no cinema, fazendo roteiros e dirigindo filmes; no teatro, escrevendo peças; e televisão, criando programas e séries. Além disso, é colunista do jornal Folha de S.Paulo, desde 1997.

No episódio, Bonassi comenta que o subúrbio, historicamente, é um fenômeno recente no Brasil, tanto na paisagem como na literatura, sendo mais novo nesta última. Segundo ele, até os anos 1970, com exceção ao modernismo, não havia um olhar para a cultura que produziam nessa parte da cidade. "Esses caras sempre existiram na periferia, no entanto não tinham identidade, não tinham se percebido como identidade", explica e completa: "Essa entrada da periferia no cinema, na música, na literatura é uma dívida histórica que tinha que ser atualizada".

Bonassi também critica o uso de elementos que deixam a literatura suburbana estereotipada - como a abordagem pejorativa de personagens negros, pobres, violentos vivendo em lugares inóspitos - e seu objetivo exclusivo de ganhar dinheiro. Para ele, isso é ruim e é necessário ir além. Ele aponta, na música, o hip hop e, no cinema, o filme A Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles e Kátia Lund, como um exemplo de trabalho que tem um olhar mais moderno. "Independentemente do que cada um pense do filme, o fato é que a gente está falando de favela por causa desse filme", esclarece.

O autor conversa ainda sobre o processo de criação do livro Luxúria (2015) e a pesquisa que fez antes de escrevê-lo; e cita Rubens Fonseca, como sendo um autor que conseguiu levar para as suas narrativas a essência do subúrbio nos anos de 1960 e 1970.

Além da entrevista, Fernando Bonassi também participa dos quadros Pé de Página, onde mostra seu ambiente de trabalho e revela como e porque escreve; Primeira Impressão, no qual indica o livro Estação Carandiru (1999), de Drauzio Varella, que narra as experiências desse médico no interior do maior presídio da América Latina. A publicação foi adaptada para o cinema e Bonassi dividiu o roteiro com o diretor do filme, Hector Babenco, e com Victor Navas; e Epígrafe, em que o escritor conta sobre a experiência em trabalhar para esse filme. 

Além desses, o episódio traz os quadros: Orelhas, que apresenta a biografia do contista João Antônio Ferreira Filho, que retratava em suas obras personagens proletários e marginais moradores de periferias; Prefácio, com a colunista Cristiane Tavares, que sugere o livro O Pequeno Fascista (2005), de Fernando Bonassi; e Quarta Capa, com a youtuber Verônica, do canal Vevs Valadares, comenta a coletânea de contos Brás, Bexiga e Barra Funda (1927), de Antônio de Alcântara Machado. 




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