ARTHUR OMAR INAUGURA EXPOSIÇÃO NA GALERIA DE ARTES VISUAIS DO OI FUTURO EM BELO HORIZONTE
Mostra "As portas da percepção" reúne fotografias inéditas do artista mineiro radicado no Rio, além da instalação "Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos" e do vídeo "Um Olhar em Segredo".
O antropólogo e artista visual mineiro, radicado no Rio de janeiro, Arthur Omar, inaugura nesta terça-feira (17/04), às 20 horas, na Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro, a exposição "As Portas da Percepção". A mostra apresenta uma série inédita de fotografias do artista e compõe, junto com a instalação "Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos" e o vídeo "Um Olhar em Segredo", um conjunto de obras sobre as alterações da percepção e da imagem, os estados alquímicos da imagem que passam da contemplação ao turbilhonamento. A exposição poderá ser visitada até o dia 17 de junho de 2012. A entrada é franca.
Na quarta-feira, (18/04), na companhia de Cesar Guimarães, professor do mestrado e doutorado em Comunicação Social da UFMG, Arthur Omar participa do debate "Arte-Instalação: Diálogos entre Cinema, Fotografia e Artes Plásticas", dentro do projeto "Café das Artes". O encontro acontece no Multiespaço Oi Futuro, a partir das 18h30m, também com entrada franca.
Portas da percepção
Inspirado pela pintura fantástica de William Blake e pelas investigações de Aldous Huxley sobre os estados alterados da consciência, Arthur Omar radicaliza sua investigação sobre as imagens, inventando um processo de captação/percepção para fazer ver as imagens antes mesmo de se tornarem fotografia. "Se as portas da percepção estivessem limpas, tudo apareceria para o homem tal como é: infinito", escreveu o poeta William Blake retomado por Aldous Huxley em um livro mítico "As Portas da Percepção" (1954) que influenciou toda a contra-cultura. É a partir dessa inspiração e dando prosseguimento à sua própria investigação que Arthur Omar apresenta essa série perturbadora de imagens.
Anjos, animais, monstros, fantasmas, deuses, figuras que parecem emergir do inconsciente, brotam em imagens fortes e ao mesmo tempo extremamente sutis e fugidias. Suas fotografias fazem surgir um mundo soturno e encantado. Figuras em gotas ou cristalizadas em formas mutantes. Trata-se de um trabalho sobre a gestalt, a pregnância das formas da própria percepção.
Nesta exposição, Arthur Omar radicaliza sua "antropologia". Não vemos nem rostos, nem carnaval, nem tribos indígenas, o artista faz uma antropologia em contato puro com a matéria plástica: água, fogo, terra, gotas de cristais, tornados materiais fluídos e fugidios, formas/informes que emergem de fundos negros.
Sua busca é por limpar as portas da percepção para chegar ao infinito das formas, quando o informe emerge ainda na sua luta por tornar-se figuras, entidades, arquétipos, campos de força.
Arthur Omar tem feito da percepção um tema constante da sua obra. Por isso criou sua própria "ciência cognitiva" e sua própria "antropologia". Artista brasileiro múltiplo, desde os anos 70 vem expandindo essa investigação por todos os meios e campos: filmes, vídeos, fotografias, música, instalações.
Completam essa exposição de fotografias, a vídeo instalação "Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos", em que explora o estado contemplativo e lento da percepção e da imagem, a partir da performance de dois atores e o vídeo "Um Olhar em Segredo", filmado no Afeganistão e em Cuba, um ensaio sobre a natureza mesma da fotografia e da percepção ao longo do seu próprio trabalho, dedicado "à fotografia, à câmera, ao olhar, ao instante e ao êxtase".
INSTALAÇÃO E VIDEO
Ciência Cognitiva dos Corpos Gloriosos – Vídeo Instalação | Brasil | 2006 O estado contemplativo e lento da percepção e da imagem. A partir da performance dos atores alemães Grabrielle Osswald e Wolfgang Sautermeister, a imobilidade é explorada em toda sua integridade. Imagens noturnas, densas, fechadas, formam uma matéria granulada na qual se destacam os rostos de um homem e uma mulher. A câmera lenta, a montagem interna, como instrumento de cognição e documentação dos corpos gloriosos.
Um Olhar em Segredo – Vídeo | Brasil | 2009| 30'
Filme-ensaio de 30 minutos, em que o artista recupera seu trabalho fotográfico, "mas com uma análise da natureza mesma da fotografia. Composto de pequenos fragmentos dedicados "à fotografia, à câmera, ao olhar, ao instante e ao êxtase". O autor apresenta algumas ideias sobre a fotografia, baseadas em sua experiência pessoal. O olho, a luz, a câmera, a memória, e o instante podem se combinar de muitas maneiras, algumas sutis e outras paradoxais. Filme-ensaio, em cada sequência o público tem um aspecto diferente da relação entre sujeito e objeto e da percepção fotográfica como experiência ascensional. Filmado no Afeganistão, Cuba, Brasil.
SOBRE ARTHUR OMAR
Já foi dito que "nada pode parar o fluxo de imagens, palavras, sons e idéias" contidos numa obra de Arthur Omar. Fluxo torrencial e veloz que é também sua marca pessoal. Arthur Omar é um artista brasileiro múltiplo e com presença de destaque em várias áreas da produção artística. Trabalha com cinema, vídeo, fotografia instalações, música, poesia, desenho, além de ensaios e reflexões teóricas sobre arte, que acompanham suas obras como parte integrante.
Temas como o êxtase estético, a violência sensorial e social, as metáforas visuais e a busca de uma nova iconografia para a representação de elementos da cultura brasileira marcam toda sua obra, que passa pelo documentário experimental, a videoarte, a moda, o filme de ficção, a web-arte, a fotografia e as vídeo-instalações.
Foi destaque na Bienal de São Paulo de 2002 com a série Viagem ao Afeganistão, conjunto de 30 fotografias em grandes dimensões compondo paisagens paradoxais, com imagens realizadas na zona de catástrofe, entre Cabul e Bamyan e apresentadas no módulo Cidades Utópicas..
Apresentou na Bienal de São Paulo de 97 a instalação fotográfica A Grande Muralha, painel com 99 fotografias de grande formato e medindo ao todo 40 metros de comprimento, em que trabalhou com imagens do êxtase e do carnaval, parte da série clássica Antropologia da Face Gloriosa, um estudo do rosto e do êxtase fotográfico como dimensão transcendental.
Em 1999 teve uma retrospectiva completa de sua obra de filmes e vídeos no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa-NY) e em 2001 no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e de São Paulo. Seu longa-metragem Triste Trópico (1974) é reconhecido por diversos críticos como um dos filmes importantes do cinema brasileiro e seus curtas experimentais (Vocês, O Som,Ressurreição, O Inspetor) fazem partes de antologias.
Em 2001 foi premiado por duas exposições individuais pela Associação Paulista de Críticos de Arte: O Esplendor dos Contrários (Centro Cultural Banco do Brasil-SP), série de fotografias de paisagens amazônicas, em que reinventa o espaço e a luz e trabalha com efeitos em 3D e a exposição Frações da Luz, série de caixas de luz em que explora a serialidade e a luminosidade "interna" de imagens vindas de diferentes suportes.
Em 2006 ocupou o prédio do Oi Futuro no Rio de Janeiro com a exposição Zooprismas (projeções, fotografias e vídeos), escolhida como melhor exposição do ano pelo Jornal O Globo. Apresentou a exposição Um Olhar e Sete Véus, em 2010.
Sua produção contemporânea em vídeo traz uma linguagem extremamente sofisticada, com a criação de metáforas visuais e relações inusitadas entre imagens e sons (Atos do Diamante, Pânico Sutil, A Lógica do Êxtase e o longa-metragem em vídeoSonhos e Histórias de Fantasmas e Cavalos de Goethe), com desdobramentos no campo das videos-instalações, suporte para o qual desenvolveu uma linguagem própria de forte impacto sensorial e marcada pela imersão do espectador (Inferno, Fluxos).
Arthur Omar publicou, sempre pela editora COSACNAIFY, os livros de fotografias Antropologia da Face Gloriosa, O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia, Azzuro Amazonia, O Esplendor dos Contrários. A Lógica do Êxtase (filmes e vídeos), Viagem ao Afeganistão, com introdução do filósofo italiano Antonio Negri. Este ano, o artista lançará pela mesma editora, o livro Falas Sobre a Imagem com textos teóricos e entrevistas sobre imagem, fotografia e novas tecnologias. Seus trabalhos são apresentados em Festivais internacionais de Cinema e Vídeo e em mostras de Arte dentro e fora do Brasil.
Sobre César Guimarães
Doutor em Literatura Comparada e pós-doutor pela Universidade de Paris VIII. É autor do livro "Imagens da Memória – entre o legível e o visível". É professor do mestrado e doutorado em Comunicação Social da UFMG, onde coordena estudos sobre Teorias da Imagem e Experiência Estética.
Serviço
Exposição Arthur Omar - As Portas da Percepção
Fotografias, instalação e vídeos
Local: Galeria de Artes Visuais do Oi Futuro – avenida Afonso Pena, 4001 – Mangabeiras
Inauguração: 17 de abril (para convidados, às 20 horas
Período de visitação: De 18 de abril a 17 de junho de 2012. De terça a domingo, de 11h às 18 horas.
Entrada franca
Informações: 31 3229-3131
Projeto Café com Arte
"Arte-Instalação: Diálogos entre Cinema, Fotografia e Artes Plásticas" - Bate-papo com Arthur Omar e o professor Cesar Guimarães
Local: Multiespaço Oi Futuro, avenida Afonso Pena, 4001 - Mangabeiras
Data: 18 de abril, às 19h30m
Entrada franca
Informações: 31 3229-3131 ou 31 3222-1711 – cafedasarte4s@gmail.com
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