A loucura é tema de curtas-metragens cubanos no SescTV
As atrações integram episódio inédito da série CurtaDoc, que o canal exibe dia 24/02, terça, às 21h
Curta: Fidel , el Hombre de las Cucharitas. Foto: Divulgação.
O episódio Razão e Loucura, da série CurtaDoc, discute a demência a partir dos curtas–metragens cubanos Fidel, el Hombre de las Cucharitas, de Raquela Conde Viera, e Existen, direção de Esteban Insausti. Nos roteiros dos filmes estão doentes mentais, cujas vidas se misturam à história do país onde vivem. Com direção de Kátia Klock, o programa vai ao ar dia 24/02, terça, às 21h, e traz comentários do cubano Rigoberto Jimenez, professor de cinema da Escuela Internacional de Cine Y TV de San Antonio de los Baños.
O primeiro curta, Fidel, el Hombre de las Cucharitas, 20', 2005, narra o dia-a-dia de Fidel Valdés, um homem que ajudou a defender Cuba durante a Crise dos Mísseis de 1962, momento tenso da Guerra Fria. O acontecimento o deixa doente dos nervos e ele vai viver em um Hospital Psiquiátrico de Havana. Ali, Fidel - que nunca ingressou em uma escola de música - toca gaita, reco-reco, pandeiro, maracas e até colheres. Ele recorda episódios de sua vida, que se mesclam com a recente história da ilha.
"É um personagem bastante peculiar. O documentário demonstra uma relação muito próxima e respeitosa entre realizadores e personagem. Conta parte da história desse país, como são as relações humanas e talvez como deveriam ser", comenta Jimenez. Para ele, a produção enobrece o ser humano e enobrece os realizadores.
Em seguida, o filme Existen, 21', 2006, conversa com pessoas tidas como loucas, que transitam por Havana. O curta mostra o que elas pensam sobre o mundo em que vivem, a cultura, a economia e a política; e o que sentem por Cuba. Seus depoimentos são correlacionados com fatos históricos. A produção também expõe dados da Organização Mundial da Saúde sobre a demência, como o de que 20% a 30% da população mundial sofrem de algum transtorno mental ao longo de sua vida.
"Havana é famosa por ter personagens memoráveis nas ruas como 'loucos famosos' ou 'loucos divinos'", relata Jimenez. Ele acredita que qualquer um pode acabar em uma situação como a dessas pessoas e, por este motivo, há doentes com um certo nível cultural, que os possibilitam analisar, conhecer a sociedade e dar as suas opiniões. "Quando opinam, chegamos até a pensar que eles têm razão, ou não têm, mas dizem coisas que são magníficas", completa. Para ele, este curta é inteligente por conseguir costurar a história desses personagens com um período importante da história de Cuba.
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