Os maiores estúdios cinematográficos do mundo defendem proteção da propriedade intelectual
Em palestra no Rio Content Market, o presidente da Motion Picture Association, Senador Cristopher Dodd, defendeu conjugação de esforços que ressalte a proteção da propriedade intelectual, alertando para a relação da proteção com a inovação do mercado e competitividade da economia nacional
Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2015 – O mundo, e em particular o Brasil, vive um momento de expansão acelerada do setor audiovisual, com fatores econômicos que vêm impressionando analistas e decisores políticos. É um dos segmentos que mais cresce globalmente, mas que padece de alguns gargalos para o pleno desenvolvimento da área, como a expansão da pirataria. Em palestra proferida hoje, durante o Rio Content Market – um dos maiores eventos mundiais em que se discute e promove negócios no setor de audiovisual –, o presidente e diretor executivo da Motion Picture Association of America, Christopher Dodd, defendeu a necessidade de sociedade, agentes privados, governos e autoridades internacionais unirem esforços para estimular a proteção aos direitos autorais.
Christopher Dodd ressaltou os malefícios da pirataria, que traz prejuízos aos criadores e a todos aqueles envolvidos na cadeia produtiva, mas traz consigo também outras condutas criminosas, como foi o caso do ataque cibernético à Sony Pictures. A Motion Picture Association é a entidade global que representa os seis maiores estúdios de cinema do mundo: Walt Disney; Paramount; Sony Pictures; Twentieth Century Fox; Universal Studios e Warner Bros.
Nesse sentido, Cristopher Dodd lembrou que, segundo estudo feito pela Tendências Consultoria Integrada – a pedido da MPA no Brasil, em parceria com um dos maiores sindicatos de produtores locais, no Brasil, mais de 110 mil empregos diretos e 120 mil indiretos são gerados pelas atividades de criação, produção e distribuição audiovisual. Apesar de números altamente positivos, o país impõe grandes desafios para o setor: pesquisas divulgadas em 2013 revelaram que 81% dos brasileiros que já baixaram músicas ou filmes online admitiram fazer uso de fontes ilegais de conteúdo.
"Estes números são estarrecedores", disse Christopher Dodd. "Além de prejudicar a indústria e as pessoas que trabalham duro no dia a dia da produção audiovisual, os consumidores também são os grandes prejudicados. A maioria dos sites piratas infecta os computadores dos usuários para roubar dados pessoais e financeiros, criando fontes adicionais, mas ilegais, de renda", alertou, ressaltando que a questão configura o maior desafio do setor audiovisual mundial. Um estudo feito por uma empresa inglesa mostrou que 27 dos 30 sites mais visitados por consumidores de produtos piratas continham armadilhas para fraudar cartões de crédito.
"Não existe mágica. É preciso educar o cidadão sobre os perigos da pirataria; alicerçar sistemas internacionais e corporativos de TI e propriedade intelectual; garantir que agências reguladoras e instituições governamentais tenham os recursos necessários para vencer este desafio; e trabalharmos juntos para definir padrões internacionais de governança na internet – questão em que o Brasil cumpre papel fundamental", disse Dodd, que palestrou no painel US Studios & Produção Independente.
O presidente da MPAA lembrou o recente ataque hacker aos estúdios da Sony, uma das filiadas à entidade, para demonstrar a vulnerabilidade dos sistemas internacionais, com sérios riscos à propriedade intelectual, à privacidade e às finanças globais. "Se não trabalharmos juntos, ataques como este, ou até piores, podem acontecer em qualquer região do mundo", ponderou.
Fôlego nacional
Dados da Motion Picture Association of America mostram que o faturamento das bilheterias na América do Sul passou de US$ 1,4 bilhão em 2007 para US$ 2,8 bilhões em 2012, um crescimento de 100%. No Brasil, o faturamento com bilheteria saltou de US$ 366 milhões em 2008 para US$ 839 milhões em 2013. Projeções da Agência Nacional de Cinema (ANCINE) indicam que o Brasil será o quinto maior mercado de cinema do mundo até 2020.
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