Documentário premiado mostra o cotidiano de anões que vivem na cidade de São Paulo



 

O curta-metragem Criaturas Que Nasciam em Segredo, dirigido por Chico Teixeira, estreia no dia 27/7, quinta, às 21h, no SescTV


Foto: Divulgação.

Ganhador de mais de 20 prêmios, entre eles o de melhor curta-metragem em 16 mm no 23º Festival de Gramado, em 1995, e três internacionais: na Espanha, no Chile e em Portugal, o documentário Criaturas que Nasciam em Segredo (21'), dirigido por Chico Teixeira, traz depoimentos de anões, que falam sobre suas trajetórias de vida, profissões, dificuldades, sonhos e preconceitos. O filme, que estreia no SescTV, no dia 27/7, quinta, às 21h (assista também em sesctv.org.br/avivo),  é o segundo a ser exibido de uma seleção de 20 - com durações entre 9 e 25 minutos -, que compõem a nova série do canal, Diferente Como Todo Mundo. Com curadoria de Zita Carvalhosa, a série retrata personagens com deficiências físicas e mentais que são protagonistas de suas próprias histórias.

 

Os filmes apresentados participaram, em épocas distintas, do Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo – fundado por Zita, em 1989, com correalização do Sesc desde 1996. O recorte inédito para a televisão é exibido com exclusividade pelo canal e conta com 20 produções brasileiras. A série surgiu a partir de programa de mesmo nome, que integrou a 27ª edição do festival, em 2016, em parceria com o Festival Internacional do Filme, em Cannes, na França.

 

O curta Criaturas que Nasciam em Segredo mostra as dificuldades pessoais e profissionais de anões que moram em São Paulo. Estigmatizados pela baixa estatura, eles são vistos geralmente como engraçadas e excêntricas, o que os leva, muitas vezes, a trabalharem como artistas circenses. José P. dos Santos, mais conhecido como Pinguim, conta que foi abandonado pela avó no circo quando ainda era pequeno. "Eu morava na roça. Chegou o dono do circo e perguntou se ela queria me doar para o circo. Eu nem sabia o que era circo, o que era uma lona armada", explica.

 

Anã, Joceli Lopes lembra que só começou a frequentar a escola aos nove anos de idade e foi ao médico pela primeira vez aos 19. Segundo ela, o motivo foi o receio que sua mãe tinha em deixá-la exposta. "Ela me privava de muitas coisas, tinha medo de eu ser cobaia de médico", comenta.

 

Com narração dos atores Paulo José e Tatá Guarnieri, o documentário fala sobre a discriminação contra os anões, que vem desde a Idade Média, a sexualidade, e sobre os desafios deles, nas metrópoles, para se inserirem em sociedade, superarem o preconceito e realizarem coisas simples da vida, como cuidar da casa e dos filhos. Os sonhos de cada um também são contemplados na produção. "Eu quero mostrar ao povo o jeito que eu sou, porque cada um nasceu como Deus quis, uns grandes, uns pequenos e outros assim", ressalta o artista circense Pingüim.



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