​Ângela Lago apresenta a figura do escritor-ilustrador, em série de literatura do SescTV

 
Em episódio inédito da 2ª temporada de Super Libris, a autora, falecida em 2017, mostra as linguagens possíveis no encontro entre palavra, desenho e espaço


Ângela Lago. Foto: Piu Dip.

Os autores de livros-imagem não são nem escritores, nem ilustradores. Entre as duas categorias, eles se situam em um lugar limítrofe. Por isso, "eles são tão experimentais", afirma Ângela Lago. A escritora e ilustradora mineira, que faleceu em outubro do ano passado, aos 71 anos, é a entrevistada do episódio Palavra Desenhada, da série Super Libris, dirigida pelo escritor, cineasta e jornalista José Roberto Torero. A produção será exibida pela primeira vez no dia 18/6, segunda-feira, às 21h, pelo SescTV. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo).
 
Ângela Lago nasceu em Belo Horizonte, em 1954. Na década de 1980, começou a escrever os chamados livros-imagem, destinados majoritariamente ao público infantil. "É um livro que se quer narrar através das ilustrações", elucida. Esses livros existem desde o século XIX; no Brasil, a moda começou pelos livros do alemão Wilhelm Busch, traduzidos pelo poeta Olavo Bilac.
 
A autora considera os livros-imagem experimentais por excelência, já que o autor não é escritor, nem ilustrador; ele ocupa uma posição nova. "Dá tanta vontade de que esse encontro de linguagens se transforme em uma coisa nova em que, em vez de parcerias, o autor faz parceria consigo mesmo", classifica a autora, se divertindo.
 
Ela revela que o surgimento dessa figura, do escritor-ilustrador, tem explicações práticas. "O ilustrador, no Brasil, não era remunerado com direitos autorais. Então, muitos ilustradores começaram a escrever seu próprio texto, para ter um ganho mais significativo com seu trabalho", esclarece Ângela.
 
Para a autora, além de texto e imagem, o formato físico do livro, com seus ângulos e dimensões, propõe significados à obra. "Eu uso os dois para contar uma história. E o livro também. Eu procuro usar a arquitetura do livro como uma possibilidade narrativa", diz. Ela ainda ressalta que, durante sua carreira, sua estética nunca teve unidade. "Meu caso talvez seja não ter nenhum estilo, mas ter experimentado muitos", brinca.
 
Além da entrevista principal, Ângela Lago participa de outros quadros no episódio Palavra Desenhada. Em Pé de Página, ela explica como costuma escrever de maneira confortável e revela tanto sua falta de rotina como quais são seus locais de trabalho preferidos em casa. Ângela ainda confessa que escreve à procura de beleza, alegria e prazer. No quadro Primeira Impressão, a autora recomenda aos autores ilustradores a leitura do livro Onde Vivem os Monstros, do estadunidense Maurice Sendak.
 
Ainda no episódio, o quadro Orelhas apresenta a tradutora e adaptadora Tatiana Belinky. Na seção Prefácio, sobre literatura infantil, a pedagoga Sandra Medrano conversa sobre o livro-álbum, formato bibliográfico que mescla o texto com a imagem e o suporte do livro. No quadro Quarta Capa, os blogueiros Juliana e Kalebe, do canal O Espanador, comentam sobre o livro infantil Carvoeirinhos, do escritor e ilustrador Roger Mello. E em Epígrafe, quadro novo da segunda temporada do Super Libris, o dramaturgo Paulo Rogério Lopes fala sobre a experiência de ter adaptado para o teatro o livro A Saga de Sigfried, o Tesouro dos Nibelungos, escrito por Tatian Belinky.

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