​Marcelo Mirisola explora a figura do anti-herói na literatura brasileira, no SescTV

 
Em episódio inédito da 2ª temporada da série Super Libris, o escritor discute as virtudes e os perigos dos personagens mal ajustados. Dia 9/7, segunda-feira, às 21h


Marcelo Mirisola. Foto: Piu Dip.

Há leitores que se aborrecem com personagens prodigiosos, comportados e belos e, pelo contrário, fascinam-se por personagens carentes dos atributos morais e físicos característicos do herói clássico. Esses últimos são designados, na literatura universal, como anti-heróis. É atrás da natureza dessas figuras que vai o escritor Marcelo Mirisola, entrevistado pelo escritor, cineasta e jornalista José Roberto Torero no episódio O Anti-herói Nosso de Cada Dia, da série Super Libris. A produção vai ao ar pela primeira vez no dia 9/7, segunda-feira, às 21h, pelo SescTV. (Assista também em sesctv.org.br/aovivo).
 
"O anti-herói é o cara da contramão", define Mirisola. Para o autor, nascido em Santos, litoral de São Paulo, em 1966, a questão é entender o que é contramão hoje. "De repente, o anti-herói é o cara que vai pegar os filhos na escola, paga os boletos dele em dia", supõe o romancista e contista, que despontou na literatura em 1998, com o livro de contos Fátima Fez os Pés para Mostrar na Choperia.
 
Mirisola é conhecido por seu estilo provocativo e inovador, característico do anti-heroísmo. Também admirador do deboche, ele elogia o humor e o sarcasmo como armas da contramão literária. "O humor subverte qualquer autoridade. Ele é mortífero, deixa as coisas nos devidos tamanhos. E, quando a coisa sai do pedestal, acabou: não tem herói que resista", assegura.
 
O autor santista critica as interpretações acadêmicas, que insistem em elencar os mesmos personagens para o posto de anti-herói. "Macunaíma é o anti-herói estabelecido, o oficial. É associação direta", afirma, aludindo ao protagonista da obra homônima de Mário de Andrade. Para vestir essa alcunha, Mirisola prefere lembrar das personagens dos livros de Nelson Rodrigues ou, principalmente, de Joel Silveira, jornalista e escritor sergipano, cujo livro A Milésima Segunda Noite na Avenida Paulista ele recomenda, no quadro Primeira Impressão.
 
Autor de Como Se Me Fumasse (2017), seu mais recente romance, Mirisola alerta para o perigo de livros de anti-heróis chegarem aos olhos de crianças e adolescentes. Ele acha perigoso ter contato com obras antes de estar maduro para lê-las. "Pode acontecer de você não entender nada, de você ler de uma maneira errada e de você estragar a sua vida, se você ler um Nietzsche ou um Schopenhauer com 16 anos", fala, referindo-se a dois dos mais importantes filósofos alemães do século 19.
 
Além da entrevista principal, Marcelo Mirisola participa de outros quadros no episódio O Anti-herói Nosso de Cada Dia. Em Pé de Página, ele mostra o local onde costuma escrever, conta como funciona seu processo criativo, ressaltando sua disciplina, e explica por que escolheu a profissão de escritor para si, depois de fracassar, como ele mesmo brinca, em outras atividades.
 
Ainda no episódio, o quadro Orelhas apresenta o perfil do escritor Dyonélio Machado. Em Prefácio, a pedagoga Sandra Medrano indica o livro infantil A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector. No quadro Quarta Capa, a youtuber Patrícia Pirota comenta o livro O Passageiro do Fim do Dia, de Rubens Figueiredo. Epígrafe, quadro novo da segunda temporada da sérieSuper Libris, convida o cineasta Marcos Guttman para contar como foi sua experiência de adaptar para a sétima arte a obraBarco a Seco, também de Rubens Figueiredo.


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