Fernando Meirelles em entrevista inédita, no SescTV
O diretor de "Cidade de Deus", "Ensaio Sobre a Cegueira"; "O Jardineiro Fiel" e "360" fala sobre carreira e filmes que realizou.
Dia 06/09, quinta, às 22h
Dia 06/09, quinta, às 22h
Da publicidade para o cinema e do cinema para o mundo. Um dos mais respeitados diretores no Brasil e no exterior, Fernando Meirelles conversa sobre dirigir filmes publicitários - que segundo ele funcionou como um campo de experimentação para o cinema - e sobre longas, como Cidade de Deus, que abriu o caminho para a carreira internacional. Com apresentação do jornalista Miguel de Almeida e direção de Luiz R. Cabral, a entrevista estreia na série Sala de Cinema no dia 06/09, quinta, às 22h, no SescTV.
Formado em arquitetura, Meirelles lembra o início de sua carreira no audiovisual como publicitário nos anos 1980, ao fundar a Olhar Eletrônico, produtora pioneira na produção independente para TV. Na equipe estavam alguns de seus amigos, como Renato Barbieri, José Roberto Salatini, Marcelo Machado; Paulo Morelli e Marcelo Tas. A produtora se destacou na época por interferir na linguagem da televisão, devido ao uso de equipamentos modernos e portáteis e novas tecnologias. Além disso, trabalhava com uma linguagem mais clara, seja no campo artístico ou estético, principalmente no jornalismo, e produzia programas experimentais.
Meirelles recorda como nasceu, por acaso, o personagem Ernesto Varela, na gravação de um show de Itamar Assumpção, em Santos. Varela era um repórter fictício, representado por Marcelo Tas, que entrevistava, com humor, personalidades da política. O cineasta conta que, com o passar do tempo, a Olhar Eletrônico ganhou visibilidade no mercado publicitário e alguns dos integrantes sentiram que aquela não era a área deles, por isso, deixaram a produtora. Foi nesse momento que Meirelles e Paulo Morelli decidiram abrir a O2 Filmes, extinguindo a Olhar Eletrônico.
Meirelles revela como surgiu o cinema em sua vida, a partir de um trem montado para um cenário de um filme publicitário. O cineasta Nando Oliva sugeriu a produção de um curta com o cenário do trem, fez o roteiro e então nasceu E no Meio Passa um Trem, de 1998, dirigido por ambos.
Apesar de ter produzido muitos comerciais, entre 700 e 800, Meirelles confessa ser um péssimo publicitário, pois se desligava quando o cliente começava a falar de marketing. Para o cineasta, sua função era pegar o roteiro e transformá-lo em imagem e som, e uma de suas artimanhas para aprimorar seu aprendizado era copiar o trabalho de outros, mas sem deixar de lado a sua criatividade.
Meirelles comenta filmes que dirigiu, como o primeiro longa, Domésticas, o Filme, de 2001, inspirado na peça teatral Doméstica, de 1998, dirigida por Renata Melo; e Cidade de Deus, de 2002, em parceria com Kátia Lund, produção realizada com uma equipe quase toda iniciante, entre eles, Bráulio Mantovani, que se inspirou no livro de Paulo Lins, homônimo ao filme, para escrever o roteiro, e Daniel Rezende, que fez a montagem. O cineasta, que nunca havia pensado em uma carreira no exterior, expõe que este filme lhe deu visibilidade fora do País após ser exibido no Festival de Cannes, onde teve uma boa repercussão e lhe possibilitou retornar ao Brasil com 14 roteiros internacionais na mala.
Meirelles rememora a forma como foi abordado pelo produtor inglês Simon Channing Williams, em Londres, para dirigir O Jardineiro Fiel, de 2005, discorre o processo de seleção dos atores para este filme; a experiência de dirigir fora do Brasil; e a resposta negativa que recebeu de José Saramago ao tentar comprar, em 1987, os direitos para filmar Ensaio sobre a Cegueira. Só depois de muitos anos, a convite de um produtor canadense, o cineasta conseguiu dirigi-lo.
Meirelles também aborda seu trabalho mais recente, 360, um filme que, para ele, é muito simples e despretensioso. No elenco estão atores como Anthony Hopkins, Rachel Weisz, Jude Law e Ben Foster.
Sobre Sala de Cinema:
Programa de entrevistas com diretores, produtores e atores do cinema nacional. Os convidados abordam suas obras; falam sobre as influências presentes em seus trabalhos; e analisam as produções cinematográficas do país.
Sobre o SescTV:
Um canal de televisão, 24 horas por dia dedicado à cultura, credenciado pelo Ministério da Cultura como canal de programação composto exclusivamente por obras cinematográficas e audiovisuais brasileiras de produção independente, conforme Portaria nº 137, publicada em 27 de outubro de 2010.
Sua grade de programação é permeada por espetáculos, documentários, filmes e entrevistas. As atrações apresentam shows gravados ao vivo com grandes nomes da música e da dança. Documentários sobre artes visuais, teatro e sociedade abordam nomes, fatos e idéias da cultura brasileira. Ciclos temáticos de filmes e programas de entrevistas sobre literatura, cinema e outras artes também estão presentes na programação.
SERVIÇO:
Sala de Cinema
Fernando Meirelles
Estreia: 06/09, quinta-feira, às 22h
Reapresentação: 08/09, sábado, às 20h; e 09/09, domingo, às 24h.
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção: Luiz R. Cabral
Produtora: Plateau Produções
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