MOSTRA INTERNACIONAL DE ARTE PÚBLICA TRANSFORMA O RIO DE JANEIRO EM MUSEU A CÉU ABERTO
OiR, projeto bienal que começa em setembro deste ano e termina nas Olimpíadas de 2016, promove intervenções inéditas de artistas consagrados em cartões postais da cidade;
Evento tem patrocínio do HSBC, Oi, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, com apoio cultural do Oi Futuro e Ministério da Cultura
Após sediar uma grande conferência voltada ao meio ambiente e na iminência de receber dois eventos esportivos de proporções gigantescas, o Rio de Janeiro também vai ganhar, a partir de setembro deste ano, uma das maiores mostras de arte pública já realizada no país. De dois em dois anos, até 2016 – no rastro da Rio+20 e simultaneamente à Copa do Mundo e às Olimpíadas –, o projeto inédito OiR – outras ideias para o Rio convidará artistas de prestígio internacional para interferirem em locais emblemáticos da paisagem urbana da cidade. As obras desta primeira etapa levam a assinatura dos ingleses Andy Goldsworthy (Cais do Porto) e Brian Eno (Arcos da Lapa), do espanhol Jaume Plensa (Enseada de Botafogo), do americano Robert Morris (Cinelândia), do japonês Ryoji Ikeda(Arpoador) e do brasileiro Henrique Oliveira (Parque Madureira). O evento tem patrocínio do banco HSBC, da Oi, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, daPrefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e apoio cultural do Oi Futuro e do Ministério da Cultura (MinC).
"A arte pública valoriza o espaço urbano e torna as cidades mais agradáveis ao promover a comunhão entre obra de arte e paisagem, além de despertar o orgulho das pessoas que nelas vivem", explica o curador Marcello Dantas, idealizador do evento em parceria com a NAU Consultoria de Arte, empresa do colecionador e empresário Guilherme de Magalhães Pinto Gonçalves. "E o Rio, com a sua exuberante geografia, é o mais perfeito cenário para um evento deste tipo", continuaDantas.
"O OiR é um projeto inovador, que poderá ser visto a céu aberto por todos que vivem ou transitam pelo Rio", afirma José Augusto da Gama Figueira, presidente do Oi Futuro. "Tem tudo a ver com a democratização do acesso à cultura, uma das grandes missões do Oi Futuro e foco de nosso Programa de Arte Pública".
O nome OiR, que quando escrito ao contrário se lê "Rio", remete justamente à ideia de se pensar na cidade de uma maneira diferente. O projeto pretende fazer, de maneira atualizada, uma retomada da tradição de invocar o olhar estrangeiro sobre a paisagem carioca, iniciada desde os tempos das primeiras expedições, quando aventureiros e pesquisadores europeus atracavam por ali para tentar desvendar e traduzir os mistérios do novo território. E, mais recentemente, através de ensaios de pensadores ilustres como o antropólogo franco-belga Claude Levi-Strauss e o escritor austríaco Stefan Zweig.
Algumas das mais importantes metrópoles do mundo realizam iniciativas da mesma natureza. São os casos de Chicago (Millenium Park), Nova York (Public Art Fund) e Londres (Art Angel), que, como resultado, transformam a percepção das pessoas sobre a cidade e a maneira como interagem com o espaço público.
Segundo Dantas, a arte pública tem ainda um importante viés social, porque "aproxima pessoas de diferentes classes em torno de um conceito que as leva a abrir os olhos para o novo e para o próprio patrimônio, além de criar um espaço único, um ponto de encontro e um marco na cidade".
Os trabalhos da fase inicial do projeto são inspirados no tema "O Meio", que, nas palavras do curador, tem como foco "o espaço que ocupamos, aquilo que nos une". A programação inclui ainda palestras com artistas do projeto, sediadas no Oi Futuro em Ipanema. Jaume Plensa vai falar ao público no dia 5 de setembro, às 19h30, e Ryoji Ikeda, no dia 8 de setembro, às 11h.
O veterano escultor Robert Morris escolheu fazer a sua intervenção na Cinelândia. O americano construirá na praça, em frente à Câmara dos Vereadores, um labirinto de vidro triangular aberto para visitação.
Um dos mais respeitados artistas de arte pública do mundo, o espanhol Jaume Plensa instalará uma enorme cabeça flutuante na enseada de Botafogo. A obra, de 12 metros de altura, será produzida pelo artista no Brasil, e uma plataforma especial para sustentá-la está sendo desenvolvida em um estaleiro em Niterói.
O artista inglês Andy Goldsworthy criou um enorme domo de argila, penetrável, que causará estranhamento em quem observá-la na parede do Centro Cultural da Acão da Cidadania, no Cais do Porto. De tão delicada, a instalação arredondada tem como uma de suas características a efemeridade, podendo ruir a qualquer momento.
Henrique Oliveira, artista brasileiro que vem se destacando internacionalmente, irá ocupar um trecho do recém-inaugurado "Parque Madureira" com uma de suas monumentais esculturas de madeira. A proposta de inserir uma obra de Oliveira nesse local retoma, de maneira poética, a relação do terreno com a favela que antes o ocupava. Concebida especialmente para o OiR, a obra se constitui em uma via com um nó no meio por onde o público pode passar. Os trabalhos de Morris,Goldsworthy, Plensa e Oliveira ficam em cartaz de 07 de setembro a 02 de novembro deste ano.
O músico e artista plástico Brian Eno desenvolveu um ousado sistema de projeção digital, mapeado exclusivamente para os Arcos da Lapa, o local mais movimentado da cena noturna da cidade. O inglês projetará nas paredes brancas do antigo aqueduto 77 milhões de pinturas digitais durante as noites dos dias 19 a 21 de outubro.
A obra do japonês radicado em Paris Ryoiji Ikeda sempre esteve ligada a imagem, som e os efeitos que estas características combinadas produzem nas pessoas. Para o OiR, o artista promoverá um espetáculo audiovisual na Praia do Diabo, no Arpoador: um sistema de projeção suspenso por uma torre de cerca de 15 metros de altura transformará as areias do local numa grande tela durante três noites consecutivas. A instalação ficará aberta ao público de 07 a 09 de setembro.
SOBRE OS ARTISTAS
Robert Morris - Cinelândia
Robert Morris é um artista veterano que hoje tem obras distribuídas pelos maiores museus do mundo. Morris, além de ser um dos criadores do Minimalismo, fez importantes contribuições para o desenvolvimento da land art, da performance e da instalação. Foi um inovador, e sua série de Labirintos revolucionou a arte: fez com que observadores estáticos participassem do trabalho, se movendo em uma coreografia estabelecida por ele.
Jaume Plensa - Enseada de Botafogo
Jaume Plensa construiu uma reputação internacional através de suas peças monumentais de arte pública, como a Crown Fountain de Chicago, que virou símbolo da cidade. Suas envolventes obras estão distribuídas mundialmente e seu trabalho vem sendo exposto em museus e galerias da Europa, Estados Unidos e Japão.
Andy Goldsworthy - Cais do Porto
Andy Goldsworthy é um artista inglês que se utiliza de uma vasta gama de materiais naturais, como folhas, pedras, argila, neve, gelo, penas, pétalas e muitos outros para produzir obras de arte em colaboração com a natureza. A maioria de seus trabalhos é feita ao ar livre, em lugares tão diversos como o Polo Norte ou o Outback australiano. É considerado um dos maiores escultores de land art da atualidade.
Ryoiji Ikeda - Arpoador
Ryoiji Ikeda é um artista japonês baseado em Paris. Seu trabalho lida com as características essenciais do som, manipuladas em concertos, gravações, publicações e instalações. Para Ikeda, a música e a matemática são irmãs, e ouvir música equivale a um mergulho no mundo dos números. Em seu trabalho, o público é ator, e a interação com o som e a música, um veículo para a verdadeira experiência.
Brian Eno - Arcos da Lapa
Brian Eno é músico, compositor, cantor e artista visual, famoso por ter sido integrante da legendária banda Roxy Music nos anos 70 e por produzir música para David Bowie, U2 e o Coldplay. Mas Eno também tem uma carreira de 25 anos dedicados às artes visuais, criando arte abstrata. O inglês pinta com luz, fazendo "música visual", muitas vezes combinando instalações de projetores e sistemas geradores de som, produzindo peças híbridas, envolventes.
Henrique Oliveira – Parque Madureira
Artista brasileiro que enxerga beleza em materiais descartados, Henrique Oliveira consegue transformar tapumes em grandiosas obras de arte. A plasticidade e a sofisticação dos movimentos nas curvas e formas ameboides de grandes proporções vistas em seus trabalhos são uma profusão dessa madeira disforme de cores esmaecidas que, em certas situações, parece nos engolir.
Suas instalações dialogam com a arquitetura do local onde expõe. São peças ou instalações que não podem mais ser vistas apenas como esculturas ou pinturas.Oliveira, considerado um dos grandes nomes da arte contemporânea brasileira, já teve seus trabalhos exibidos na Bienal de São Paulo, Bould Museum (EUA), Bienal Monterrey (México), Contemporary Arts Center (EUA), entre muitos outros.
SOBRE O CURADOR
Marcello Dantas, curador e museum-maker, é a mente por trás de alguns dos melhores museus e mostras dos últimos anos no Brasil: "Bossa na Oca", "Roberto Carlos – 50 anos de musica", "Água na Oca", "50 anos de TV e +", Museu da Língua Portuguesa, Museu do Homem Americano, Museus das Telecomunicações, Museu das Minas e Metal, e exposições de artistas estrangeiros consagrados como Antony Gormley, Christian Boltanski, Anish Kapoor, Bill Viola e Laurie Anderson – sem falar em projetos internacionais como o Museu do Caribe, em Barranquilla (Colômbia) e a "Pelé Station", em Berlim, durante a Copa do Mundo da Alemanha. Foi responsável por inovar o conceito de museologia no Brasil ao temperá-lo com doses inéditas de tecnologia, de interatividade e de recursos multimídia para oferecer ao visitante o que ele chama de imersão total.
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