“Amor”, no Oi Futuro, mostra obras de artistas do Leste Europeu


 

·         Exposição com curadoria da polonesa Monika Szewczyk e da brasileira Denise Carvalho reúne a produção de 20 mulheres no centro cultural no Flamengo para falar da violência contra a mulher, a guerra, a política e os preconceitos, em vídeos, instalações, fotografias e desenhos

 

O que é o amor para a mulher que vive em países da Europa Centro-Oriental, dos Balcãs e da Rússia? Como o histórico do comunismo, guerra, tensões, traumas e tragédias de seus países influenciam seus relacionamentos, moldam o imaginário feminino e influenciam os papéis da mulher? Esses são alguns dos temas apresentados na exposição "Amor", a partir de 9 de maio no Oi Futuro no Flamengo. Com obras de 20 mulheres do Leste Europeu, a mostra propõe uma reflexão sobre a condição feminina contemporânea. Reunindo um número incomum de artistas mesmo para uma coletiva, "Amor" explora as experiências e jornadas dessas mulheres dentro e fora de toda a Europa Oriental, com trabalhos da Polônia, Bósnia e Herzegovina, Uzbequistão, Lituânia, Ucrânia, Bulgária, República Tcheca, Estônia e Eslovênia, entre outros países. Temas como a violência contra a mulher, a guerra, a política e os preconceitos são explorados em vídeos, instalações, fotografias e desenhos. Com curadoria da polonesa Monika Szewczyk e da brasileira Denise Carvalho, a exposição, inédita no Brasil,  pode ser visitada até o dia 10 de julho no centro cultural no Flamengo.

 "O sussurro, quase silêncio, da palavra 'amor', em português, ecoa o perigo de silenciar as vozes das mulheres, em um mundo de futuro imprevisível. Amor, nesta exposição, não é apenas palavra, mas ação e interações do desejo, luta, desespero, mudança e esperança, por um elenco de operadoras de novas mídias, que atuam com as sensibilidades e perspectivas do feminino", explica a curadora Denise Carvalho. "As mudanças nas condições sociopolíticas em países atualmente submetidos a transformações constituem uma base para relatos pessoais, investigações nostálgicas e tentativas de encontrar um lugar próprio, solucionando relações com os entes queridos para desenvolver uma sensação de segurança", complementa a curadora polonesa Monika Szewczyk. 

 

Em "Kiss" (2006), a artista Anna Jermolaewa (Rússia/Austria) mostra um casal com máscaras de Mickey Mouse trocando beijos. Os beijos se tornam cada vez mais violentos, transformando-se em mordidas que destroem cada parte das máscaras, até que ficam totalmente destruídas. O trabalho passa a mensagem de que o amor é forte e frágil, capaz de criar e destruir – e seu exagero pode ser mortal.

 

"1395 Days Without Red" (2011), filme com Maribel Verdú ("O labirinto do Fauno", "E sua mãe também") produzido por Šejla Kamerić e Anri Sala, em colaboração com Ari Benjamin Meyers Sejla Kameric  (Bosnia e Herzegovina), tem como base o cerco de Sarajevo (1992-1996) durante a guerra na Bósnia que se seguiu à desintegração da Iugoslávia. Durante o cerco de 1.395 dias, a cidade e seus habitantes foram alvo de franco-atiradores sérvios que disparavam a partir das  colinas ao redor da cidade. A narrativa  é sintetizada pela presença distante da protagonista feminina, interpretada por Maribel Verdú, que caminha por ruas e cruzamentos. Em diferentes cenas, a Orquestra Filarmônica de Sarajevo ensaia passagens da "Sinfonia n° 6" ("Patética") de Tchaikovsky.

 

"Amor" traz também uma série de desenhos produzida por Victoria Lomasko (Rússia), "+18"(2014/2015) sobre os casais de lésbicas em clubes na Rússia. Os desenhos, que incluem citações dos casais, também ilustram os problemas vividos pelas comunidades lésbicas, gays, bissexuais e transgêneras, assim como o modo como são vitimadas, discriminadas, humilhadas publicamente e violadas por grupos locais de extrema-direita. O projeto de Lomasko partiu da necessidade de destacar o aumento da discriminação presente na Rússia após 2013, diante da aprovação de uma nova lei que proíbe a "propaganda" ou promoção de relações sexuais não tradicionais.

 

Outra obra presente na exposição é "Supermother" (2002), de Elżbieta Jablońska  (Polônia), uma coletânea de fotografias da artista fantasiada de vários personagens de desenhos animados, como Homem-Aranha, Super Homem e Batman, enquanto carrega seu filho. Assim como ocorre com o super-herói, o papel que a mãe exerce como protetora é um estereótipo proveniente de uma crença cultural baseada no mito polonês de Matka-Polca, um arquétipo da maternidade interpretada como força e resignação. Frequentemente, apesar da notoriedade de suas obrigações diárias relacionadas aos filhos e ao sustento, são direcionadas à submissão e conformismo com uma posição imperceptível. Para a artista, essas mulheres deveriam receber o apoio dos heróis fictícios, criados para solucionar os problemas ignorados pela sociedade e saudados por seus atos.

 

"O ineditismo histórico da mostra diz bastante do perfil curatorial de nossa instituição, que vem, permanentemente, apresentando propostas que delimitam novas perspectivas acerca da produção contemporânea nacional e internacional. Projetos sempre abertos ao desconhecido, ao diálogo e ao risco, como devem ser as relações amorosas" – avalia Roberto Guimarães, gestor de Cultura do Oi Futuro.

 

 

Nomes e nacionalidades das artistas:

Agata Michowska (Polônia)

Agnieska Polska (Polônia)

Aletvina Kakhidze (Ucrania)

Alla Georgieva (Bulgária)

Anna Baumgart (Polônia)

Anna Jermolaewa (Russia/Austria)

Duba Sambolec (Slovenia/Noruega)

Elżbieta Jablońska  (Polônia)

Ira Eduardovna   (Uzbekistan/Israel/US)

Izabella Gustowska (Polônia)

Joanna Malinowska and Christian Tomaszewski  (Polônia)

Katarzyna Krakowiac  (Polônia)

Katerina Sedá  (Republica Tcheca)

Kristina Inčiūraitė  (Lithuania)

Olesia Khomenko  (Ucrania)

Magdalena Jetelova  (Republica Tcheca)

Mare Tralla (Estonia)

Milena Dopitova  (Republica Tcheca)

Sejla Kameric  (Bosnia e Herzegovina)

Victoria Lomasko  (Russia)




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