TRANSFORMAÇÕES NA MASCULINIDADE SÃO TEMA DO NOVO “DISCOVERY TALKS DAY”
Evento teve debate com as participações de Marcelo Tas e Emmanuel Bassoleil | ||
Marcelo Tas, Emmanuel Bassoleil, Miguel Jost e Roberto Nascimento (Naná) As mudanças drásticas e rápidas chegaram à masculinidade, esse território historicamente relacionado a padrões e funções bem demarcados. O homem de hoje, em trânsito, procura fincar seu lugar em meio às diversas transformações na forma como ele vê, é visto e se posiciona diante do mundo. Estes são os apontamentos iniciais do DISCOVERY TALKS DAY – COISA DE MACHO?, evento que reuniu parceiros e clientes da Discovery Brasil. na quinta-feira, 27 de setembro, em São Paulo. Em sua terceira edição, a discussão contou com as participações de dois dos apresentadores da casa: Marcelo Tas, que estará à frente da série inédita Batalha Makers Brasil (estreia prevista para 2019), e Emmanuel Bassoleil, da série Um Dia de Chef, do Food Network. O formato do DISCOVERY TALKS DAY – COISA DE MACHO? segue o mesmo das duas edições já realizadas este ano (com os temas Aventura e Investigação): em três diferentes momentos de explanações e debates, foi posta a importância da pesquisa e do questionamento acerca de temas atuais para detecção de oportunidades de negócios, conforme ressaltou Roberto Nascimento, o Naná, vice-presidente de vendas publicitárias da Discovery Brasil e primeiro a falar. Dessa vez, o universo masculino como este se apresenta hoje foi o mote das conversas. A masculinidade plural e diversa como trunfo na comunicação com a atual geração de homens é a principal conclusão do encontro, que destacou como as empresas e marcas podem utilizar o entendimento sobre as demandas desse homem contemporâneo como diferencial competitivo. Os números dos canais Discovery provam isso: a audiência masculina no gênero de programação conhecido como "estilo de vida", comumente associado ao público feminino, cresceu 33% nos últimos três anos; para o Discovery Home & Health, o índice de homens telespectadores aumentou 44% no mesmo período. Em uma conversa franca, Marcelo Tas e Emmanuel Bassoleil deram exemplos pessoais dessas mudanças a partir de suas relações familiares e com suas próprias profissões. Tas falou sobre a decisão de levar a público a transição de gênero do filho, Luc: "meu truque é não desmentir os preconceituosos". Bassoleil contou como foi difícil a escolha de se tornar cozinheiro, sendo ele o primogênito da terceira geração de lavradores de cebola, em uma cidade do interior da França, na década de 1970: "Entendi a frustração do meu pai em fazer o que não queria durante a vida inteira e decidi tentar algo diferente, mesmo sem o apoio dele". O antropólogo, professor da PUC-RJ, e consultor Miguel Jost apresentou um panorama histórico de mudanças sociais que afetaram diretamente a masculinidade. Se até meados do século XX os papeis de gênero eram estanques e inflexíveis, os movimentos feminista e das minorias viriam a ser, a partir da década de 1960, estopins daquilo que Miguel chamou de "mutação": "A nova masculinidade não é uma tendência dessas passageiras, mas uma mutação profunda que vem acontecendo, está em processo", enfatizou Jost. O antropólogo pinçou exemplos de fatos que abalaram a imagem do homem como o provedor que suprime as próprias sensibilidade e inteligência emocional. Da Tropicália à Lei do Divórcio (1977), na cultura e no ambiente burocrático, essa mudança do papel masculino foi construída ao longo das décadas de maneira que os jovens adultos, a partir de 1990, passaram a viver uma masculinidade completamente diferente daquela que foi a regra para as gerações anteriores, as de seus pais e avôs. Jost destacou que a austeridade e autoridade deram lugar a uma masculinidade plural, bem representada nas diferentes funções: confeiteiros, decoradores, estilistas e homens que cuidam do lar. Ao finalizar sua contribuição, o antropólogo deixou claro que o abandono do local de privilégio histórico trouxe dificuldades para esse homem, que pode ter como aliados a comunicação e o conteúdo no processo de redefinição de papeis. Eduardo Teixeira, gerente de planejamento estratégico e branded content da Discovery Brasil., trouxe dados que antecipam a divulgação do estudo ELES, realizado recentemente pela própria Discovery. As informações foram compiladas em quatro áreas representativas dos sinais de mudança no universo masculino. A primeira delas é a necessidade que o homem atual tem de expressar suas emoções: 72% dos participantes do estudo disseram que gostariam de falar mais sobre o que sentem. A segunda mostra que eles querem mais do que a função de provedores: 82% acreditam que não há sentido em relegar a educação dos filhos às mulheres. O terceiro sinal é o cuidado consigo mesmo: 44% dos respondentes disseram que não se sentem nada fortes e poderosos, enquanto 86% afirmam ser importante cuidar da aparência; é posta a necessidade de cuidar da própria autoestima, do bem-estar emocional e da saúde física e mental. O quarto e última sinal é o cansaço desses homens com as cobranças relativas aos papeis de gênero que lhes são impostos – Teixeira trouxe diversos exemplos de como as marcas, algumas delas reconhecidas pela ênfase nos padrões masculinos no passado, utilizam novas estratégias de aproximação pautadas na inclusão e diversidade, na masculinidade plural. Ao final, em um debate do qual participaram Bassoleil, Jost e Naná, com mediação de Tas, surgiu a pergunta: como vocês, a partir de si mesmos e do contato com outros homens, enxergam o novo lugar da masculinidade? As respostas, longe de conclusivas, apontam para o esforço de adaptação e para a simpatia com as marcas que se colocam no local de escuta em relação às dúvidas e incertezas que fazem parte do processo pelo qual passa o homem atual. Marcelo Tas e Emmanuel Bassoleil Roberto Nascimento (Naná) Eduardo Teixeira |
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