GNT.DOC exibe filme sobre arquiteto Sergio Bernardes
Documentário que integrou a mostra competitiva do festival É Tudo Verdade será exibido dia 16 de agosto à 0h
Foto: Divulgação GNT (Para salvar em alta resolução, clique na imagem com o botão direito do mouse e selecione "Salvar imagem como...")
"Eu invento meu mundo... e cada um de vocês deve inventar o seu mundo". Dita por Sergio Bernardes aos seus alunos em uma das cenas do documentário Bernardes, a frase é uma das inúmeras provocações levadas às telas pela vida e obra do carioca, que faleceu em 2002, aos 82 anos.
Depois de integrar a mostra competitiva do 19º Festival É Tudo Verdade, em maio, e ficar em cartaz em sete capitais brasileiras em junho e julho com elogios da critica, o longa vai ao ar no GNT 16 de agosto, sábado, à 0h. O canal coproduziu o documentário com a 6D Casa de Criação e Rinoceronte Produções.
Originado da busca pessoal do neto Thiago Bernardes por conhecer melhor a história do avô, o longa, com direção de Gustavo Gama Rodrigues e Paulo de Barros, revela a polêmica e arrebatadora vida profissional e familiar do arquiteto, urbanista, designer, escritor, poeta, inventor e, sobretudo, humanista incompreendido pelo seu tempo. Um homem singular, de personalidade afiada, apaixonante e tão inventiva e questionadora quanto bem humorada.
Grande nome da segunda geração da arquitetura moderna brasileira, desde seus primeiros trabalhos já prenunciava um talento incomum, consolidado por uma estética própria e inovadora, o que incluía criar elementos construtivos até então inexistentes para atender à sua criatividade, que depois seriam utilizados em larga escala no mercado.
Assinou inúmeros projetos no Brasil e no exterior pelos quais recebeu, entre outros, o Prêmio de Arquitetura Industrial da Trienal de Veneza, o Prêmio Internacional de Habitação na 1ª Bienal de São Paulo e a Estrela de Ouro pelo Pavilhão da Expo-Internacional de Bruxelas. Alguns de seus projetos mais conhecidos são o Pavilhão de São Cristóvão e os Postos de Salvamento da Orla das praias, no Rio de Janeiro, o Palácio do Governo do Ceará, e o Hotel Tambaú, na Paraíba.
Mais requisitado arquiteto residencial no Rio de Janeiro dos anos 50 e 60, tinha soluções construtivas e espaciais inovadoras como sua marca registrada. Como na casa em que Lota Macedo viveu com Elizabeth Bishop, incensada por marcar o uso, até então inédito, de estruturas metálicas. Na impossibilidade de adquirir o material, fabricou-o ele mesmo com sua equipe, dobrando vergalhões de aço para conseguir o efeito desejado.
A viagem no tempo realizada por Thiago vai muito além da importância da obra arquitetônica do avô, revelando que o talento original de Sérgio Bernardes só é comparável à sua dimensão humana. O talento como arquiteto esteve a serviço de algo maior, suas propostas humanísticas.
Guilherme Wisnik, curador da última edição da Bienal de Arquitetura de São Paulo, deixa claro: "a obra de Sergio Bernardes é de fundamental importância pra qualquer estudo sobre a arquitetura e a cultura no País". Entre os entrevistados estão também os netosPedro Bernardes, músico, e Mana Bernardes, designer, entre outros. Através de visitas aos principais projetos, da descoberta do vasto material iconográfico e de arquivo documental e audiovisual que estava desde sua morte guardado, com suporte do Projeto Memória, e encontros com pessoas que conviveram com o arquiteto ou que por ele foram influenciadas, Thiago monta as peças de um instigante quebra-cabeça.
Do jovem por quem "todas as meninas cariocas entre 15 e 25 anos à época foram apaixonadas", como define o arquiteto Marcio Rebello, ao profissional de sucesso que recebeu em casa Tom Jobim, Vinicius de Moraes, Dorival Caymmi, Che Guevara, Le Corbusier, passando pelo desaparecimento de seu nome nos currículos das faculdades de arquitetura em consequência da equivocada visão de um envolvimentoideológico com o governo militar, e o rompimento com os status quo ao deixar o casamento de 25 anos com uma contundente carta à família e mudar-se para os EUA para encontrar Buckminster Fuller, visionário da arquitetura mundial, em busca de novas possibilidades tecnológicas.
Na volta, dedicou-se definitivamente às suas propostas de mudanças na sociedade a partir de soluções arquitetônicas e urbanísticas para as grandes cidades, seja no LIC - Laboratório de Investigações Conceituais – instituto criado por ele em 1979 ou em cargos públicos. Aos 82 anos, quando faleceu, ainda se mantinha altamente produtivo e fiel às ideias que hoje, em pleno caos urbano e social do século XXl, mostram-se cada vez mais relevantes.
O filme conta ainda com algo raro no País: a possibilidade de exploração de um vasto e rico material documental e iconográfico que o acervo do arquiteto reúne em 22.500 plantas, inúmeros croquis, textos, teses e poesias e mais de 8.000 fotografias. Mantido intacto desde sua morte,estão registrados ali os mais de 65 anos de produção intelectual que evidenciam o espírito inovador de um homem que veio ao mundo para propor-lhe novas possibilidades.
Um dia após a exibição na TV, o documentário estará disponível para o assinante a qualquer hora, em qualquer lugar. Basta acessar o GNT Play, –gntplay.com.br – serviço de TV everywhere do GNT no Globosat Play, um produto que reúne os canais da programadora e seus respectivos programas. No GNT Play, o filme pode ser assistido em computadores, tablets, smartphones com sistema iOS ou Android. Para ter acesso ao conteúdo diretamente da televisão, os assinantes NET podem usar o serviço NOW.
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