Parcerias para coproduções são ressaltadas no último dia do RioContentMarket
As possibilidades de cooperação entre diferentes países para a produção audiovisual foi amplamente discutida no terceiro e último dia do RioContentMarket, maior evento de produção audiovisual da América Latina, realizado no Rio de Janeiro. O tema foi debatido em pelo menos três painéis que tiveram como participantes representantes de emissoras de TV, produtoras e grupos de mídia de quatro continentes. Foi assinado, ainda, um protocolo de colaboração para coprodução entre a Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV (ABPITV) e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão do Reino Unido (PACT).
O primeiro painel "Coprodução criativa" contou com a participação de Fabiano Gullane, diretor da Gullane Filmes, e Stéphane Millière, produtor francês. Os dois falaram sobre a mais nova coprodução entre a Gullane e a Gédéon programmes: "Amazonia – Planeta Verde". A palestra contou ainda com a participação de Diane Maia, da O2 filmes, sobre o lançamento de "Xingu", longa que retrata a trajetória dos irmãos Villas-Boas. Os principais pontos abordados por Gullane e Millière foram as dificuldades de filmar na Amazônia, onde os personagens eram todos animais e a filmagem em 3D. "Foram três unidades de câmeras, com gruas montadas no meio da selva. E até 170 pessoas envolvidas num mesmo dia de montagem", conta Gullane, que mostrou ainda, em primeira mão, as primeiras cenas do filme.
Silvio Da-Rin, ex-Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura e atual gerente executivo de articulação internacional e licenciamento da TV Brasil, abriu a mesa sobre os Brics no mercado de entretenimento ressaltando o enorme potencial de crescimento desta indústria a partir de parcerias entre empresas de Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, países muito populosos. "É o único bloco capaz de ameaçar a hegemonia de Hollywood", afirmou. Yan Mei, representante da MTV e do Nickelodeon na China, disse que o interesse de seus conterrâneos por conteúdos diversos vem crescendo em ritmo acelerado enquanto Nivedith Alva, da produtora indiana Miditech, elogiou as políticas públicas brasileiras no setor e defendeu sua extensão a outros Brics. "Muitas vezes, esperamos o que os outros fazem para saber o que funciona em TV, por exemplo. Precisamos nos unir para que sejamos líderes e não seguidores de mercado", conclamou.
Em outro painel, executivos britânicos da BBC e do Channel 4, bem como das empresas de entretenimento Mentorn International e DTL Entertainment, expuseram os diferentes modelos de coprodução adotados pelas corporações do Reino Unido para a produção de documentários e versões locais de séries e reality shows. Kate Townsend, da Storyville, braço da BBC para documentários, contou que dois terços dos 40 filmes que a empresa produz no momento são coproduções selecionadas em sessões de pitching ou em propostas à emissora. Já a palestrante Kate Quilton disse que o Channel 4 vem apostando em produções multiplataforma, ou seja, que sejam sustentadas por canais de comunicação online. A estratégia de estabelecer parcerias com produtoras de outros países para exportar sitcoms e formatos de reality shows foi abordada por Don Taffner, da DTL, e David Leach, da Mentorn, que revelou ter chegado a um acordo com a TV Globo para a produção da versão local do reality "America's Worst Driver".
Ao final da mesa, o presidente da ABPITV, Marco Altberg, e o diretor-executivo da PACT, John McVay, assinaram um protocolo de colaboração para coprodução entre as entidades, que servirá como ferramenta de promoção e desenvolvimento da produção audiovisual entre Brasil e Reino Unido. A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAV/MinC), a Agência Nacional de Cinema (Ancine) e o British Council também participam do acordo.
Por fim, também foi realizado painel sobre emissoras de TV da América Latina, que reuniu representantes do Señal Colômbia, da chilena TVN, do mexicano Canal 22 e da Construir TV, da Argentina.
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