Jean-Luc Godard é tema de mostra especial no Oi Futuro

·         Exposição no centro cultural do Flamengo enfatiza a produção das últimas três décadas de cineasta franco-suíço

·         Obra do diretor de "Acossado" e um dos principais nomes da Nouvelle Vague é tema de retrospectiva no centro cultural de Ipanema

 

A mostra Expo(r)Godard será apresentada no Oi Futuro no Flamengo a partir de 7 de maio, com ênfase na produção das três últimas décadas – período com o qual o público brasileiro está menos familiarizado – da carreira do mais importante nome da Nouvelle Vague, movimento que mudou o cinema mundial a partir do final dos anos 50. Com patrocínio da Oi e apoio cultural do Oi Futuro, a exposição brasileira é realizada pela MP2 Produções.

Pela primeira vez, o público brasileiro terá contato com um perfil mais completo de um dos maiores cineasta do nosso tempo: Jean-Luc Godard. Exposição, mostra, ciclo de palestras, performances apresentarão as diversas faces de um mesmo artista – sempre diante do desafio, apresentado pelo próprio realizador, de transpor a imagem audiovisual das salas de cinema para o espaço do museu.

Expo (r) Godard vai ocupar todo o espaço do Centro Cultural do Oi Futuro com grandes projeções, totens interativos e uma mesa-vitrine com um livro confeccionado manualmente pelo próprio diretor e uma edição rara da revista Cahiers Du Cinéma nº 300,  inteiramente concebida por Godard. A Expo(r)Godard tem como curadores Dominique Païni e Anne Marquez, colaboradores do Centro Pompidou, em Paris. Païni trabalhou com Godard na concepção da mostra parisiense, da qual também foi curador. "Godard é sempre uma referência, um dos mais inquietos criadores contemporâneos. Com esse projeto, o Oi Futuro busca mostrar a complexidade de sua obra como nunca foi exibida na América Latina", afirma Roberto Guimarães, diretor de Cultura do Oi Futuro.

Organizada a partir de grandes temas, tais como o olhar autoral de Godard, a "pirataria" de imagens e a experimentação no cinema utilizando suportes diversos, a mostra compreende ainda uma retrospectiva da filmografia de Godard, que será exibida no Oi Futuro em Ipanema. Também estão previstos o lançamento de um catálogo sobre a exposição e um ciclo de palestras sobre o cineasta, para discutir o lugar e o sentido das imagens na era da internet e os novos modos de produção e difusão do cinema.

Entre os convidados brasileiros para as palestras, estão o teórico Ismail Xavier, o professor do curso de cinema da UFF José Carlos Monteiro, o professor do Departamento de Filosofia da UFF Patrick Pessoa e o advogado Rodrigo Borges Carneiro, especialista em propriedade intelectual. As palestras privilegiarão novos olhares e relações entre a obra de Godard e temas como as novas tecnologias e os direitos autorais. Estão confirmados ainda os palestrantes estrangeiros Dominique Païni e Michael Witt.

 Godard e as múltiplas possibilidades do cinema

Para Anne Marquez, a obra de Godard pode ser vista como um grande processo multimídia, feito de colagens, livros, CDs e ensaios em constante evolução - cuja mais completa expressão sem dúvida se daria, segundo ela, com as "História(s) do cinema", uma série de vídeos concebidos para a TV que farão parte da exposiçãoOs documentários que compõem as "História(s)" mostram como o cinema, para Godard, começa com uma folha de papel e um lápis - ou a partir da relação entre duas imagens que produzirão uma centelha.

"Uma imagem, um som, uma palavra, uma unidade de linguagem: são coisas que, para Godard, jamais existirão isoladamente. É o encontro delas que produzirá o pensamento do artista", explica Anne Marquez.

Dominique Païni lembra outro elemento essencial nos filmes de Godard: "Fala-se muito da imagem quando se fala em Godard, mas o som não é menos essencial em sua obra. Aliás, segundo ele, todo filme deveria ser visto três vezes: uma só para ouvir o som, outra só para as imagens e uma terceira para juntar os dois".  Païni adianta que, na exposição, será possível assistir às imagens de Godard, mas será também possível ouvir os sons de forma isolada. Ou consultar os trabalhos que produziu, nos quais o cineasta desenvolve a sua concepção do cinema.

 Da Nouvelle Vague à "Je vous salue Marie"

Nascido em 3 de dezembro de 1930, de uma família franco-suíça (naturalizou-se suíço na Segunda Guerra Mundial), Jean-Luc Godard começou sua carreira no cinema como crítico, fundando em 1950 a "Gazette du cinéma" com Jacques Rivette e Eric Rohmer – que, como ele, também mais tarde se tornariam cineastas – e assinando artigos com o pseudônimo de Hans Lucas.

Em 1952, Godard passou a escrever para a "Cahiers du Cinéma", revista que tornou-se a bíblia da Nouvelle Vague. Depois de rodar seus primeiros filmes no fim da década de 50, ganhou fama com "Acossado", sucesso de público e crítica de 1960 que lançou para o estrelato Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg. Seguiram-se outros marcos do gênero, como "Uma Mulher é uma Mulher" (1961), "Viver a Vida" (1962), "Alphaville" e "O Demônio das Onze Horas" (1965). Com "A chinesa" (1967), ele se aproximou das teorias maoístas que inspiraram as revoltas em Paris em março de 1968.

Em 1986, um filme de Godard, "Je Vous Salue Marie", foi censurado no Brasil, pelo governo José Sarney, a pedido da Igreja Católica, que não concordava com a adaptação da história da Virgem Maria em que ela se transformava na estudante namorada de um taxista e aparecia nua.  Foi um choque na credibilidade democrática do primeiro governo civil do país após o fim do Regime Militar, num episódio repudiado por artistas brasileiros e criticado no sucesso "Selvagem", dos Paralamas do Sucesso.

Apesar dos seus mais de 80 anos, Godard se encontra em plena atividade e segue experimentando novas possibilidades tecnológicas. Atualmente, o cineasta finaliza seu último longa em 3D, que deverá ser apresentado no Festival de Cannes.

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