Migração da TV digital permitirá incrementar o acesso à banda larga móvel
A transição para a televisão digital, que acontecerá em sua maior parte na próxima década na América Latina, permitirá uma utilização mais eficiente do espectro de radiofrequências, através da liberação da faixa de 700 MHz para a implementação da banda larga móvel utilizando tecnologias como a LTE.
São Paulo, 31 de Julho de 2015 – Os países da América Latina têm alocado, durante décadas, uma importante fatia do espectro radioelétrico para a oferta de conteúdos televisivos que utilizam rede analógica. A evolução tecnológica permite que estes sinais possam ser transmitidos com melhoras notáveis de resolução, incorporando interatividade e um uso mais eficiente do espectro radioelétrico por meio de tecnologias digitais.
A eficiência das tecnologias digitais tem levado os governos a promoverem a chamada transição digital para abrir caminho para a Televisão Digital Terrestre (TDT) na região. Uma das consequências deste processo é a liberação do excedente de espectro, que não mais será utilizado para sinais televisivos e que será destinado para serviços de banda larga móvel. A este excedente da faixa de 700 MHz chamamos de dividendo digital.
A 4G Americas ressalta que os governos podem disponibilizar espectro do dividendo digital paras as redes móveis conforme a liberação avança. Desta forma, não seria necessário esperar que se implementem os apagões analógicos, que no caso do Peru e Paraguai estão programados apenas para 2024. Esta disponibilidade gradual de espectro beneficia os consumidores, que poderiam contar com uma frequência que oferecem maior cobertura geográfica na utilização de redes móveis e serviços com LTE.
No caso do Brasil, embora o leilão da faixa de 700 MHz tenha acontecido em setembro de 2014, a Anatel planeja realizar um novo leilão com as sobras das faixa utilizadas para a rede 4G no final de outubro e início de novembro deste ano. O leilão contará com sobras das faixas de 1,8 GHz, 2,5 GHz e 3,5 GHz. A Anatel estuda acrescentar os dividendos digitais da faixa de 700 MHz, no entanto ainda não está confirmada a inclusão desta faixa, uma vez que o valor desta sobra seria muito alto considerando que o custo da limpeza da faixa está sendo arcado pelas operadoras que arremataram lotes no leilão do ano passado, Claro, Vivo, Tim e Algar. Embora a estimativa para término da limpeza da faixa seja em 2019, operadoras já pretendem começar a utilizá-la antes disso, conforme ocorrer disponibilidade para comercialização.
Os próximos dez anos serão de suma importância para o desenvolvimento da banda larga móvel na América Latina, pois neste período todos os países da região devem ter concluído os seus processos de apagões de sinais analógicos para darem lugar à TDT. Isso permitirá que a atribuição de espectro em 700 MHz para o desenvolvimento de tecnologias como a LTE, que permite o acesso a aplicações e serviços avançados, beneficie um número maior de pessoas na região.
Os atrasos nos processos de migração dos sinais analógicos de televisão rumo à TDT implicam em demoras na alocação, o que pode chegar a impactar no desenvolvimento da região e atrasar a expansão de redes LTE. Na atualidade, Argentina e México são os países da América Latina que lideram no desenvolvimento da TDT com mais de 85% de cobertura demográfica em ambos os países.
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