"Se existe um caminho de mar entre Cabo Verde e Portugal, esse caminho foi construído pelo rei Tito Paris" falou o brasileiro, residente em Portugal, Pierre Aderne, convidado da websérie "Ponte Aérea: Portugal - Brasil"


"A união (Brasil-Portugal) vem da compreensão cultural. Eu amo a música brasileira, principalmente o chorinho. Muitos cabo verdianos tinham o sonho de conhecer o Brasil por conta do chorinho e por conta de um filme chamado 'Orfeu Negro', com músicas de Tom Jobim, que projetou o país no mundo todo, mas principalmente África e Portugal", revelou Tito Paris, um dos nomes mais influentes da música lusófona.



Realizado pelo canal Papo de Música e apresentado pela UBC e a SP, programa apresentará duas entrevistas inéditas, na terça e quinta-feira, com Pierre Aderne, Tito Paris e Ana Bacalhau



(Ana Bacalhau - Divulgação)



A portuguesa Ana Bacalhau, o cabo verdiano Tito Paris e o brasileiro Pierre Aderne são os convidados da semana do da websérie "Ponte Aérea: Portugal - Brasil", iniciativa da União Brasileira de Compositores e da Sociedade Portuguesa de Autores para aproximar e divulgar a música e a cultura dos dois países. Com início em agosto, o programa comandado por Fabiane Pereira, jornalista e apresentadora do canal Papo de Música, já recebeu nomes como Carminho, Ney Matogrosso e Antònio Zambujo, Nelson Motta e Cuca Roseta, Mayra Andrade, Russo Passapusso e Capucua, Duda Beat e Pongo, Fafá de Belém e Teresa Salgueiro, entre outros. As transmissões dos episódios são apresentadas às terças-feiras exclusivamente no canal 'Papo de Música' no YouTube. Já os programas de quinta-feira são transmitidos simultaneamente no Papo de Música e no YouTube da UBC.

Ana Bacalhau é uma cantora portuguesa que ficou conhecida como vocalista do grupo Deolinda, inspirado pelo fado e pelas suas origens tradicionais. Ana já partilhou a voz e o palco com outros músicos, como Gaiteiros de Lisboa, Sérgio Godinho, Xutos & Pontapés, António Chainho, Pedro Abrunhosa e Ana Moura. Seu mais recentes lançamentos foram os álbuns solo "Nome Próprio" (2017) e o "Canções de Roda, Lenga Lengas e Outras que Tais" (2019), com Vitorino, Sérgio Godinho e Jorge Benvinda, Cláudia Guerreiro e o Coro Infantil da Academia de Música de Almada.

Na entrevista exclusiva, que vai ao ar na próxima terça-feira (19/10), Ana falou sobre o single "Sou como sou", lançado este ano e que ganhou videoclipe, o qual traz uma letra forte sobre autoaceitação e libertação. "Eu me considero uma artista feminista no sentido em que acredito que ninguém deve ser impedido de ser quem é, nem porque nasceu homem ou nasceu mulher. Todos nós temos que lutar para que possamos partir do mesmo ponto para chegar ao lugar que almejamos.", explicou a cantora. Sobre a relação com a música brasileira, Ana contou que a MPB foi e é para ela uma grande escola, tanto de letras poéticas sem grandes formalidades quanto de interpretação.

"A MPB acho que alcançou isso muito antes de nós, aquela forma de se cantar como se fala. Ao mesmo tempo que é poético, é lindo, é maravilhoso, não é rebuscado, não é uma forma poética inalcançável e inatingível. Pegar essas palavras preciosas, que contam histórias de todos e do dia a dia, e entregam de uma forma tão bela. Acho que um adendo que se cruza, por exemplo, com a Deolinda é a Clarice Falcão, com aquela história do casal que se chateia, aquilo é uma forma de contar o amor de uma perspectiva maravilhosa, diferente, nova. Isso é inspirador, portanto digo que fez parte da minha escola." - contou Ana.



(Tito Paris - Divulgação)



Um dos nomes mais importantes da música lusófona, Tito Paris bateu um papo ao lado de Pierre Aderne, cantor e compositor brasileiro que mora em Portugal e vem se destacando atualmente com o coletivo de músicos lusófonos "Rua Das Pretas". Tito é um músico, compositor e cantor cabo-verdiano, radicado em Lisboa, sendo um dos maiores responsáveis pela divulgação da música das ilhas da Morabeza pelo mundo, além de uma figura de relevo da comunidade africana na capital. Seu mais recente trabalho é o disco "Mim e Bô", lançado em 2017.

Na entrevista, que irá ao ar na próxima quinta-feira (21/10), Tito contou que desde criança, em Cabo Verde, cresceu em uma casa com música. "Meu pai tinha um grupo de música. Minha irmã tocava guitarra e me ensinou meus primeiros acordes. A partir daquele momento eu comecei a querer tocar, eu era fã do meu pai, queria imitar ele. E começou o desejo também, vamos dizer, de ser famoso. E dali, enquanto criança, já formamos um grupo em 1975 que se chamava 'Os seis jovens unidos' e não parei mais", relembrou Tito. Na entrevista, Tito também falou sobre como o fato de estar longe da terra natal pode ser benéfico e nos fazer enxergar mais profundamente sobre nossas origens.

"Eu saí de Cabo Verde muito jovem. Então tudo que eu aprendi em Lisboa, em Portugal em si, com o povo português, eu agradeço muito. E devo dizer que hoje compreendo muito melhor a minha cultura, o meu povo, a gastronomia. Eu comecei a escrever longe da ilha. Hoje já não consigo mais passar seis meses sem vir a Cabo Verde" - contou o cantor.



(Pierre Aderne - Divulgação)



Pierre Aderne, que cresceu ouvindo águas de março de Tom Jobim, através da voz mansa de João Gilberto, leva consigo o Rio de Janeiro pelo mundo. Nascido na França, criado no Brasil, residente em Portugal, o artista faz a ponte entre diferentes mundos da música. Em um blend de Bossa com Jazz, Fado e toques da África Portuguesa, Pierre Aderne vem gravando e escrevendo canções com diversos artistas, incluindo Tito Paris. Coleciona shows, conta com sete álbuns solo lançados pelo mundo e mais dois projetos coletivos: Doces Cariocas - Prêmio Da Música Brasileira 2009 Melhor Álbum 2009 e o atual Rua Das Pretas - nascido nas sete colinas de Lisboa na casa do próprio Pierre.

Ao falar sobre a pouca valorização e disseminação da música lusófona no Brasil, o artista afirmou que é muito importante mergulhar na cultura do outro, mas sobretudo é muito importante não se aculturar. "Acho que o Brasil, em determinado momento, sofreu uma invasão muito grande da música anglo-saxônica e fechou os ouvidos para a música que se fazia em língua portuguesa em outras latitudes", explicou. Pierre também relembrou durante a entrevista o início de sua relação com a música lusófona, que envolve diretamente Tito Paris, com o qual soma hoje mais de 18 anos de amizade.

"Foi o primeiro grande susto que eu tomei em Lisboa, em 2002, quando fui apresentado ao Tito pelo Luiz Caracol e mergulhei nesse mundo de Cabo Verde. Conheci o Bana, outro monstro sagrado da música de Cabo Verde. Conheci a obra do B.Leza, que é uma espécie de Vinicius de Moraes de Cabo Verde, um grande poeta. Foi muito importante quando conheci o Tito porque ele já tinha relações com muitos artistas, então ele me abriu os olhos para essa música cantada em português mas que não era música brasileira" - contou Pierre.



SERVIÇO: "Ponte Aérea: Portugal - Brasil"

19/10 - Ana Bacalhau
Terça-feira, às 12h, no canal de YouTube ' Papo de Música '


21/10 - Pierre Aderne e Tito Paris

Quinta-feira, às 19h, nos canais do YouTube 'Papo de Música' e UBC

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