Novo estudo da Unidade Infantil da Globo mergulha no universo da primeira infância e em sua rotina familiar
"Compassos e Descompassos da Primeira Infância" está disponível na Plataforma Gente
Pela primeira vez, a Unidade Infantil da Globo se dedica a uma investigação focada no universo de crianças em idade pré-escolar - período essencial para o desenvolvimento e formação. Tantos meses após o início do isolamento social, como ficaram as rotinas e jornadas familiares? Para tentar responder a essa e outras questões, os canais Gloob e Gloobinho - em parceria com o Coletivo Tsuru e Quantas - lançam o estudo "Passos e Descompassos da Primeira Infância". A pesquisa foi realizada de forma online e contou com uma fase qualitativa - em julho - e outra quantitativa, desenvolvida ao longo de setembro a partir de entrevistas com mais de mil pais e mães com filhos na faixa etária de 2 a 5 anos, de diferentes regiões do país. O conteúdo na íntegra estará disponível na Plataforma Gente - acesse.
Os anos iniciais de uma criança são muito importantes, já que é quando a capacidade cerebral está em crescimento e em máxima atividade. Necessidades primárias como carinho, afeto, alimentação, acesso à saúde e educação são fatores que influenciam diretamente na sua formação. Neste período, as mudanças a cada ano são significativas no desenvolvimento da linguagem, motricidade - fina e ampla - e na sociabilização.
Com a pandemia, as famílias tiveram que se habituar rapidamente a um novo ecossistema de restrições e isolamento. De acordo com o levantamento, nove a cada dez pais de crianças no target pré-escolar acreditam que as rotinas das casas foram definitivamente alteradas. Dentro deste recorte, 53% dos entrevistados afirmam que os dias se tornaram iguais - úteis e finais de semana se misturam -; 59% concordam que o pijama é o traje oficial do período pandêmico; já com a impossibilidade de sair e sociabilizar, 70% dos pais perceberam um aumento no consumo de vídeos - por parte das crianças e deles mesmos. E com o cotidiano mantido inteiramente dentro de casa, vem o sentimento de sobrecarga, mas ainda assim, 86% dos pais de pequenos na primeira infância se declaram mais felizes por poder usufruir de mais tempo ao lado dos filhos.
"Partindo do desejo de entender profundamente o nosso público, anualmente, escolhemos um tema para investigar algum aspecto do comportamento infantil. Este ano, pela primeira vez, investimos esforços para compreender melhor as fases e desenvolvimento das crianças em idade pré-escolar, target do nosso Gloobinho. E principalmente, mergulhar fundo para identificar os efeitos de tantos meses de isolamento nos pequenos e em suas rotinas familiares. Assim nasceu o nosso estudo, que vai percorrer sentimentos, atividades e cotidianos no contexto de restrições sociais/retorno gradativo para mostrar, literalmente, os Passos e Descompassos da Primeira Infância. Com esses resultados, esperamos contribuir com a sociedade e com as marcas nesse entendimento e na construção de mensagens que criem conexão e inspiração. Agora, mais do que nunca, precisamos pensar coletivamente e escolher como vamos ressignificar as nossas histórias e crescer com elas. Esse é o nosso convite!", explica Luciane Neno, Gerente de Marketing e Plataformas Digitais da Unidade Infantil da Globo.
Ao longo dos meses de isolamento, as fases de aprendizado dos pequenos se embaralharam e apresentaram, ao mesmo tempo, diferentes estágios de desenvolvimento. Mais crianças começaram a executar atividades sozinhas, como tomar banho, comer e se vestir. Já no âmbito emocional, pediam por mais atenção. Segundo o estudo, com as maiores restrições da vida social, houve uma renovação de regras nas casas e os filhos se tornaram, de certa forma, reguladores da rotina. Diante da realidade na qual manhã, tarde e noite tendem a se misturar, a criança da primeira infância se mostra como um organizador do caos, ao imprimir uma ordem mínima na esfera das suas necessidades mais básicas - que precisam ser supridas ao longo do dia.
Diante dessa nova não-rotina, os pais fazem, resolvem e entregam o que é possível. "Esse é um ponto importante, aceitar que somos afetados e vamos lidar com os efeitos que virão e já estão. Viver a aceitação que somos menos a mãe-maravilha e mais a mãe possível. E para essas crianças, a mãe possível é muito mais interessante. Desde que a mãe possível esteja presente", explica a psicóloga Ana Carolina Valentim, consultora durante o desenvolvimento do estudo.
Neste cenário de ressignificação de convívio familiar, as telas se firmaram como aliadas no processo. A pesquisa mostra que 75% dos entrevistados enxergam a TV como um auxílio para conseguirem exercer outras tarefas, sejam domésticas ou profissionais. Ao mesmo tempo, se dizem sempre atentos ao que os pequenos estão assistindo (84%) e tentam organizar atividades mais diversas (79%).
Dentro da nossa amostra, 90% das crianças pequenas assistem TV, mostrando que as telas são inerentes à realidade e uma tendência contínua. Esse tempo em frente às telas gera debate, mas especialistas apontam que outras variáveis devem ser levadas em conta, como qualidade da interação da criança com o conteúdo. Contudo, essa forte presença dos dispositivos pode ser vista como um aliado às famílias, uma vez que os conteúdos estejam à serviço da rotina da casa, contribuindo e respeitando os momentos de contração e expansão próprios das crianças ao longo do dia, assim como o movimento do sol.
A expansão da manhã é cheia de curiosidade e entusiasmo - de cabeça fresca, bem alimentados e com muita energia, este é o momento de aprender com muita interatividade e diversão. E o que mais de 80% dos pais desejam é ter conteúdos que estimulem o "eduteinment" (educação e entretenimento). Já mais perto do almoço, é hora de diminuir um pouco o ritmo - nesse período, é a vez de propor conteúdos que acalmem e ensinem coisas úteis, preparando os pequenos para a soneca da tarde. Na parte da tarde, com as baterias recarregadas, surge o desejo por movimento e brincadeiras físicas para extravasar a energia. E, no final do dia, é hora de aproveitar para brincar e ficar com os pais, ganhar o momento de colo e se preparar para descansar.
Diante de todo esse quadro, o estudo avalia que é fundamental lançar um olhar cuidadoso sobre as crianças que viveram esses tempos excepcionais. Perceber que, apesar das adversidades, esses casulos-borboletas se descobriram e descobriram o mundo dentro do novo ecossistema que se formou. Que a socialização com outras crianças, quando possível, é um elemento importante para o amadurecimento dos pequenos. E que, juntos, é possível contribuir para a construção de novas histórias.
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