No especial de 25 anos da GloboNews, Globoplay disponibiliza premiada entrevista de Geneton Moraes Neto com o general Newton Cruz
"Todo profissional precisa de uma bandeira. Escolhi uma: fazer jornalismo é produzir memória. De certa forma, é o que me move". As palavras expressam o que o premiado jornalista Geneton Moraes Neto, falecido em 2016, deixou como legado. Um dos destaques da produção de Geneton já está disponível no Globoplay para assinantes e não assinantes: uma entrevista reveladora com o general Newton Cruz, ex-chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI), gravada em 2010. O material faz parte do especial que reúne 25 entrevistas históricas exibidas pela GloboNews, que este ano celebra duas décadas e meia no ar. Geneton Moraes Neto nasceu em Recife, Pernambuco, e iniciou sua carreira na Globo em 1985. Além da produção de telejornais, reportagens e grandes coberturas, Geneton se destacava com entrevistas icônicas. Selecionada para o segundo episódio do compilado comemorativo da GloboNews, a entrevista com o general Newton Cruz integra o especial "Os Generais falam", exibido no programa "Dossiê GloboNews", que também contou com uma conversa exclusiva com o general Leônidas Pires, ex-comandante do DOI-COD. Com revelações impressionantes sobre a época da ditadura militar, o material rendeu ao canal e ao jornalista o Prêmio Imprensa Embratel, na categoria Televisão. Sem grandes rodeios, Geneton inicia a entrevista questionando se Newton Cruz, ex-integrante do alto posto do regime militar, poderia ter feito algo para evitar o episódio no qual militares contrariados com a redemocratização tentaram lançar bombas em um evento organizado por civis no Riocentro, para homenagear o Dia do Trabalhador, em abril de 1981. Avisado horas antes de que haveria o ataque, Newton Cruz declarou que não entendia como necessário alertar o então presidente João Figueiredo: "Achei que o certo seria falar com meu superior, o general Octávio Medeiros, chefe do SNI. Eu não tinha o que fazer naquela situação, pois estava em Brasília e a situação acontecia no Rio". O ex-militar ainda revelou algo que tornou a entrevista mais um grande furo de Geneton: outro ataque de militares foi idealizado. "Tempos depois eu recebi a informação de que havia um grupo tentando fazer um ataque semelhante. Não era problema meu. Eu tinha apenas que informar. Pela primeira vez saí da minha função na SNI e fui pessoalmente acabar com isso. Pedi para a agência do Rio marcar um encontro com dois elementos do quartel na cidade. Me encontrei com um tenente da polícia militar e um sargento em um hotel no bairro do Leme. Disse a eles que falassem com outros companheiros que se houvesse mais algum ataque, eu iria denunciar. Não houve mais nenhum atentado", descreveu Newton Cruz. No final do encontro, o repórter questionou se o Brasil corria o risco de viver outra época em que jornalistas não poderiam fazer perguntas como aquelas. Considerado um dos mais temidos generais da época do regime militar no país, Newton Cruz foi enfático em sua resposta. "Pensar hoje em dia em golpe é estupidez. Naquela época (1964) também era, mas não foi reconhecido como estupidez porque podia acontecer. Agora é uma estupidez que não pode acontecer. O Brasil hoje vive uma democracia. Com os jornalistas que temos hoje, querer colocar mordaça nesses profissionais, não consegue nem com um pitbull na frente. Não põe, não adianta", reforçou. O especial de 25 anos da GloboNews, que será destaque semanalmente no Globoplay, estreou no dia 7, com a conversa exclusiva entre o jornalista Gerson Camarotti e o Papa Francisco, gravada em 2013, durante visita do pontífice ao Rio de Janeiro. Até o fim do ano, serão resgatadas entrevistas de personalidades que influenciaram gerações e continuam inspirando com seus trabalhos, pensamentos e representatividade, como Dalai Lama, Bill Gates, Fernanda Montenegro, Caetano Veloso, Ariano Suassuna, José Saramago, o casal Zélia Gattai e Jorge Amado, Oscar Niemeyer e Paulo Freire. |
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