RÁDIO CULTURA FM ESTREIA SÉRIE SOBRE O ESCRITOR FRANCÊS MARCEL PROUST
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Foto Beatriz Girão |
EM BUSCA DA MÚSICA PERDIDA VAI AO AR A PARTIR DESTE DOMINGO, ÀS 14H
Estreia neste domingo (14/8), na Rádio Cultura FM (103,3), a série Em Busca da Música Perdida, que apresenta o imaginário musical do escritor Marcel Proust, autor do romance em sete volumes Em Busca do Tempo Perdido, que completa cem anos da sua morte em novembro de 2022. Em quatro episódios, a edição tem pesquisa e apresentação do jornalista Fellipe Mauro e vai ao ar a partir das 14h.
A série explora como a música participou da criação de uma das obras inaugurais da literatura modernista, introduzindo timbres, compassos, ritmos, harmonias e melodias onde antes havia tão somente palavras.
Primeiro episódio
A misteriosa Sonata de Vinteuil decifra as possíveis origens da peça que embala o amor do personagem Charles Swann pela cocote Odette de Crécy. Trata-se de uma peça puramente ficcional de Proust. No entanto, vários compositores tentaram traduzir em linguagem musical a "pequena frase" da sonata de Vinteuil, "dançante, pastoral, intercalada, episódica, pertencente a um outro mundo". O capítulo apresenta aos ouvintes três possíveis inspirações para a Sonata de Vinteuil (sonatas de Camille Saint-Saëns, César Franck e Gabriel Fauré) e uma recriação dela para o cinema (Jorge Arriagada).
Segundo episódio
Um passeio pelo repertório de Reynaldo Hahn -- pianista e compositor venezuelano que foi amigo e amante de Marcel Proust por toda sua vida. Os traços de personalidade de Hahn se encontram espalhados nos mais diversos personagens de Em Busca do Tempo Perdido, de Swann a Vinteuil ou Morel. Proust deve a Hahn boa parte de sua formação musical. Os dois também travaram grandes debates, com o gosto de Proust mais inclinado ao romantismo alemão e Hahn defendendo entusiasmado a vanguarda musical francesa. Esse capítulo relembra a longa relação de amor e apresenta peças de Hahn, algumas delas interpretadas por sua grande amiga, a pianista e professora brasileira Magda Tagliaferro.
Terceiro episódio
O ouvinte viverá uma noite de gala na Ópera Garnier. Algumas das cenas de maior importância de Em Busca do Tempo Perdido se passam durante espetáculos de ópera. No início do Caminho de Guermantes, o narrador contempla o camarote de Oriane de Guermantes e o compara, em suas formas e cores misteriosas, a um maravilhoso recife de corais. A superfície iluminada desse grande oceano, ao qual o narrador nada para poder respirar e recobrar vida, é o palco, o espaço da interpretação artística. O ouvinte vai conhecer cada um desses belos episódios de contemplação da arte lírica e ouvirá trechos de óperas de Wagner, Debussy, Halévy, Boieldieu e Auber.
Último encontro
Uma grande celebração da Belle Époque parisiense. É em seus salões que se desdobram os maiores debates sobre a nova música francesa. Enquanto velhos aristocratas (os Guermantes) se apegam à música romântica e fazem o elogio de Wagner, Beethoven, Brahms e Chopin, a nova alta burguesia (os Verdurin) abre suas portas para novos músicos (o caso do personagem do violinista Morel) e expõe todo seu entusiasmo pelas vanguardas do início do século: os ballets russos de Nijinski, Diaghilev e Stravinski, as harmonias de Debussy e a obra de Ravel, que é citado no romance. Nesse episódio, o ouvinte participa de um grande sarau parisiense e conhece o gosto musical que dividiu uma época entre velhos aristocratas decadentes e novos burgueses abastados.
Sobre Marcel Proust
A narrativa de Proust é um dos mais completos acervos do pensamento moderno. Ali, o leitor encontra reflexões sobre a filosofia do tempo e do espírito, ensaios sobre arte e literatura, crônicas da geopolítica europeia, tensões sociais de classe, inovações da técnica, indagações sobre sonhos, homossexualidade, amor e ciúmes anteriores até mesmo a Freud -- que ele nunca leu e que nunca o leu.
Poucos livros atribuem à música tanta importância quanto Em Busca do Tempo Perdido. Nas palavras de um crítico, "fora da literatura, Proust foi essencialmente um músico". Seu gosto por música não é aquele de um diletante, mas, sim, o de um fino crítico. Amante do pianista venezuelano Reynaldo Hahn; conheceu Stravinsky e os balés russos de Diaghilev; correspondeu-se com Gabriel Fauré e foi um dos maiores admiradores de Wagner em seu tempo. Apreciador de novas tecnologias, era assinante de um "teatrofone", o bisavô dos serviços de streaming, e ouvia espetáculos inteiros de sua casa sempre que sua delicada saúde não permitia que fosse à Ópera Garnier.
Fillipe Mauro
É pesquisador da Universidade de São Paulo e da Universidade Paris 3 - Sorbonne Nouvelle, com estágio de pesquisa na Escola Normal Superior de Paris. Especialista do romance Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, publicou artigos sobre a obra no Brasil e na França. Como jornalista, trabalhou no portal Opera Mundi, na revista Época, e foi colaborador do jornal Folha de S. Paulo. É autor da antologia de contos Terra Roxa (ComArte, 2016) e um dos organizadores de Proust-Monde (Gallimard, 2022), coletânea de textos críticos e literários de autores estrangeiros sobre a obra de Marcel Proust.
Serviço
RÁDIO CULTURA FM -- 103,3 MHz
Em busca da música perdida: o imaginário musical do romance de Marcel Proust
Sempre aos domingos, às 14h - Estreia dia 14 de agosto
Roteiro e apresentação: Fillipe Mauro
Direção: Inez Medaglia
Ouça pela Rádio Cultura FM de São Paulo (103,3 MHz) ou pelo aplicativo Cultura Digital
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